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“Na educação, inovar implica revolucionar” - Luiz Roberto Alves

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Luiz Roberto Alves é direto em suas opiniões. Integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), doutor em Letras pela USP e professor titular da Universidade Metodista de São Paulo, ele não hesita em qualificar como “revolução” o conjunto de inovações que julga necessárias para que o Brasil finalmente tenha um sistema educacional “democrático, participativo e com avaliação sistemática, interna e externa”. Segundo Alves, ao caráter colonial e elitista da educação brasileira soma-se o fato de “a família brasileira colocar a educação como degrau para algumas formas de ascensão social”. Por isso, diz, o país formou “gerações escoladas, mas não educadas”.

Na realidade, diz Alves, inovar em educação significa criar no Brasil um sistema, ainda inexistente, que não dependa dos vários grupos privados que produzem materiais didático-pedagógicos hoje no país, mas que permita a criação de “uma instituição do Estado, articulada por nação, estados, municípios, conselhos, instituições e organizações da sociedade civil”. Nesta conversa exclusiva, o professor defende o Pro-Uni e a política de cotas e critica o atual sistema de avaliação dos alunos utilizado pelos grupos privados: “Exames padronizados não são inovações. São manutenções do elitismo na história brasileira”. Leia a seguir a íntegra da entrevista:


Como o tema inovação chega às discussões sobre a estrutura educacional brasileira? Os conceitos sobre o sistema educacional brasileiro precisam ser inovados? Em que sentido?
Em educação, sob perspectiva histórico-cultural, o país tem sido pior do que no futebol. A cartolagem equivale ao elitismo, cujo pressuposto ideológico implica em um poder derivado das classes “bem formadas e bem pensantes” que tiveram o privilégio de se destacar e, conseqüentemente, dominar o cenário educacional. Daí submetem-se as bases curriculares, a formação dos profissionais, a organização da escola, as hierarquias, as repressões salariais e culturais. Ademais, com honrosas exceções, a família brasileira não coloca a educação no centro da vida, mas como degrau para algumas formas de ascensão social. Temos, pois, gerações escoladas, mas não educadas. A falta de exemplo no mundo político e os xingamentos ouvidos na abertura da Copa diante da autoridade terminam por produzir o clima do “vale tudo em educação”.

Desde 1930, há fortes movimentos de educadores conscientes, que tanto escreveram quanto deram a vida pelo reencaminhamento anti-colonial e anti-elitista da educação, com resultados parciais e dolorosos. Ainda hoje. A rigor, não há um sistema; por isso, inovar o sistema implica em criá-lo de modo democrático, participativo e com avaliação sistemática, interna e externa. Esse sistema pode se organizar a partir do Plano Nacional de Educação (PNE) recém aprovado pelo Congresso Nacional, que servirá de operador do Sistema Nacional de Educação (SNE), claramente propugnado pela Conferência Nacional de Educação (Conae) e coordenado pelo Fórum Nacional de Educação e centenas de instituições de postura democrática.

Inovar em educação no Brasil, pois, não significa aceitar um grupo ou um chamado sistema privatizado e produtor de materiais didático-pedagógicos como esses que abundam pelo país. Significa construir uma instituição do Estado, articulada por nação, estados, municípios, conselhos, instituições e organizações da sociedade civil que desejem o bem-comum de toda a criança, a adolescência e o mundo adulto cultural e educacionalmente defasado. Mais importante ainda: que esse sistema compreenda profundamente a diversidade e a desigualdade do país concreto, dos seus quatro cantos e parta, não da teoria A ou B, mas do empírico, da pesquisa de qualidade, dos dados incontestes e vá construindo do chão da escola para a sociedade um sistema que ensine e aprenda, que eduque. Inovar, agora, implica revolucionar. Mas a revolução supera em muito os discursos tradicionais. O baú de desculpas do Brasil e as posturas ideológicas de jogar culpas nisso ou naquilo estão vazios, liquidados. Carece construir com a urgência devida, em uma geração, a educação necessária e desejada.

O sistema educacional brasileiro tem uma avaliação bastante baixa na opinião pública. O problema está no arcabouço teórico que orienta o sistema ou na sua execução prática?
A opinião pública também tem baixa compreensão da educação. As comunidades e as famílias teriam de amar a educação, gostar da escola, estar nela e não somente reclamar dela. Famílias e comunidades assumiram uma postura moral no mínimo discutível, isto é, especializaram a escola como lugar para cuidar de seus filhos. Isso é impossível. Todo cuidado com as novas gerações é compartilhado. Hannah Arendt já nos ensinou o alto papel da família (mais ou menos estruturada, mas família!), pois jogada na escola, sem família, a criança se perde, ainda que tenha professores dedicados. Mas também faltam muitos professores dedicados, bem valorizados, exigidos, amorosos. E não se ama porque se ganha bem, embora seja indispensável ganhar bem. A coisa é mais complexa. Nesse caso, também deve acabar o baú de desculpas e o jogo de culpabilidades, pois hoje um joga barro no outro e poucos se entendem no fazer educação.

Certamente é baixo o valor da educação, apesar dos discursos eleitorais e do fato de a educação ser grande tema na mídia. Mas é tema para rankings, aprovações/reprovações, exames, provas. Isto é, é tema para as coisas menos importantes em educação. O processo de formação para a cidadania, a construção do ser e o encaminhamento crítico para o mundo do trabalho, obrigações constitucionais, é algo desconhecido da mídia. Também desconhecido das lideranças políticas, das famílias e muitas instituições que se dizem “formadoras” para isso ou aquilo.

Somos, hoje, profundamente anti-freireanos (embora Paulo Freire seja patrono da educação brasileira), pois estamos adestrando gerações para um suposto emprego ou trabalho (os quais estão mudando de sentido e razão de ser no mundo em processo de globalização), o que equivale a preparar gerações para, talvez, o século XX, quiçá XIX, embora tenhamos nomes pomposos e vistosos nos percursos formativos de cursos que se disseminam como cogumelos pelo país. Não há mundo do trabalho sem espírito crítico, formação ética do ser e participação cidadã (que não significa somente ser empregado e ganhar algum dinheiro e consumir). Opinião pública e educação deveriam se harmonizar para construir uma mobilização transformadora e não se dividirem entre culpas e erros.

A questão da privatização do sistema educacional preocupa os educadores que pensam com seriedade os interesses da nação?
Quando se participa de feiras de educação, o volume brutal de grupos ou sistemas de ensino privados e sua vertigem de papelada (quantas árvores cortadas!!!) e de propostas de maravilhas para a escola faz perguntar: a qual sistema pertence o sistema educacional brasileiro? Ao sistema do fulano ou do beltrano, ao grupo tal ou ao grupo qual? É demais! Daí a profunda privatização. Muitas vezes feita por instituições sérias, que querem ajudar. Noutros casos, não, porque a supremacia é a mais-valia, a competição, a concorrência. A partir do PNE e o SNE, desde o chão da escola, consideradas as pesquisas de melhor qualidade, pode-se reavaliar diretrizes educacionais já criadas pelo Conselho nacional de Educação (CNE) desde o advento da Lei 9394/1996, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e fazer chegar a cada unidade escolar do país o espírito de criatividade na construção do projeto pedagógico local, entre a base nacional comum dos componentes curriculares e toda a dimensão diversificada, que se inclui no processo curricular da escola a partir da diversidade local e regional.

Há inovações na educação básica sendo estudadas no âmbito do CNE?
O tempo todo. Desde 1996, considerando a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) uma lei inovadora, o CNE (com efetiva participar dos Conselhos Estaduais e Municipais) constrói diretrizes, quer as gerais para a educação básica, quer para direitos humanos, inserção de história da África, educação indígena, ensino fundamental, ensino infantil. Criou também diretrizes especiais para o ensino médio. E outras. Do mesmo modo, relê seus textos e os atualiza, como faz agora com a formação de professores e com a educação para meninos e meninas sob medidas socioeducativas. O CNE é órgão de Estado, mediador social. Sua missão consiste em estar atento, ouvir, rever e reler sua criação, ampliar diálogos e induzir a novos textos e novas práticas. Portanto, é um lugar disponível para a inovação.

E as provas de desempenho dos alunos, devem ser questionadas?
Na criação de um sistema respeitoso da realidade integral da escola, da diversidade do país, iremos mudando nossa relação com organismos internacionais que induziram a fazer provas padronizadas, estimulando, ao fim e ao cabo, uma intensa competição, um adestramento para exames e rankings publicados nas páginas centrais dos jornais. Enquanto isso, a escola real e diversa do Brasil profundo tem pouco a ver com isso. Faz figuração em Português e Matemática. Desconstrói-se pela força das suposições economicistas em educação. Aprenderemos a medir a vida e não um score, a tomar o pulso do mundo real da educação e não dos documentos das empresas nacionais e internacionais interessadas na competição e nas classificações. É um processo de mudança e inovação. Exames padronizados não são inovações. São manutenções do elitismo na história brasileira.

E os programas como Pro-Uni e as cotas?
Necessários, como todas as ações capazes de revisitar a história injusta e revalorizar as pessoas que pertenceram aos grupos sacrificados. Até que um dia não precisemos mais dessas ações, pois passamos a ser uma sociedade digna, ética, equilibrada. Não temos direito de futuro sem passado relido, revisitado e reajustado no presente. Cada geração tem a obrigação de provocar mudanças na história. Não para melhorar a vida de grupos e pessoas (somente!), - e agora sigo o pensamento aborígene latino-americano - mas para afirmá-la como totalidade

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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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O Futuro da Educação com Luciano Sathler #54

Bem-vindo à nossa live especial! Nesta transmissão, mergulharemos em uma conversa fascinante sobre os rumos da educação e do empreendedorismo com o renomado Dr. Luciano Sathler. PhD em Administração pela FEA/USP e com um vasto currículo que inclui ser membro do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais e CEO da CertifikEDU Microcertificações, Luciano traz uma perspectiva única sobre como a tecnologia e a inovação estão transformando o cenário educacional.
Durante a entrevista, exploraremos temas como a Educação a Distância (EaD), o uso de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Inteligência Artificial (IA) na Educação Básica. Além disso, discutiremos as oportunidades e desafios enfrentados pelos empreendedores educacionais no Brasil.
Se você está interessado no futuro da aprendizagem, no desenvolvimento de soluções educacionais inovadoras ou simplesmente quer se inspirar por uma das principais mentes do setor, esta é a live para você!
Convidado Especial: Luciano Sathler
Instagram: @lucianosathler2023
Não perca essa oportunidade de se atualizar sobre as tendências e perspectivas da educação e do empreendedorismo. Inscreva-se no canal, ative as notificações e junte-se a nós nesta conversa enriquecedora!

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Brasil sanciona o Marco Legal dos Games; veja o que muda

Brasil sanciona o Marco Legal dos Games; veja o que muda | Inovação Educacional | Scoop.it
A norma regulamenta desde o desenvolvimento até a comercialização de jogos eletrônicos em território brasileiro. Na prática, o desenvolvimento de games passa a ser considerado uma atividade cultural, o que deixa a categoria elegível para captação de recursos da Lei do Audiovisual e Lei Rouanet.
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Vinculação de recursos e autonomia universitária em São Paulo

Desde 1989 que o Estado de São Paulo vincula 9.57% de sua arrecadação do ICMs para suas três universidades, em uma proporção fixa de 5,02% para a USP, 2,34% para a Unesp e 2,19% para a Unicamp. Este ano, o governo do Estado tentou incluir outras instituições estaduais nesta conta, mas voltou atrás depois dos protestos dos reitores. Esta vinculação tem sido defendida como garantia da autonomia financeira contra a instabilidade e as interferências de políticos que afetam, por contraste, as universidades federais.
Muitos dados têm sido apresentados como prova de que a autonomia tem funcionado, como o aumento da produção científica, as posições da USP e Unicamp nos rankings internacionais e a qualidade profissional dos formados pelas principais faculdades. Mas é difícil saber se estes bons resultados se devem à vinculação financeira ou a outros fatores como a disponibilidade de recursos e a maneira pela qual professores e alunos são selecionados, entre os mais qualificados do Estado mais rico do país. E ao lado dos bons resultados, existem outros,  preocupantes, que sugerem que o sistema público paulista não pode continuar acomodado.
O dado mais evidente, que mereceria maior atenção, é a cobertura extremamente reduzida do setor público estadual. No Brasil como um todo, em 2022, 78% da matrícula no ensino superior estava em instituições privadas. No Estado de São Paulo, esta proporção sobe para 84.3%. O setor estadual público só atende a 11% dos alunos de graduação, sendo 120 mil nas três universidades, para uma matrícula total de 2.5 milhões no Estado. O setor federal, menos de 3%. Isto é o resultado de uma política deliberada, de manter um sistema público pequeno e elitista, deixando o setor privado lidar com o resto? Não parece, dada a preocupação dos últimos anos com as políticas de ação afirmativa. Não seria mais justo, socialmente, investir mais dinheiro público em instituições de mais fácil acesso e mais eficientes e baratas, como as do sistema Paula Souza, a Universidade Virtual e em parcerias, proporcionando formação mais prática, gratuita e de boa qualidade para mais gente? E como combinar isto com a manutenção de qualidade da pesquisa e da formação de alto nível dos cursos mais tradicionais?
Se o sistema atual falha do ponto de vista da cobertura e equidade, ele também tem problemas na outra ponta, de manutenção e garantia da excelência. O processo de concursos públicos para escolha de professores é formal, burocrático e dificulta que as universidades recrutem professores com perfis adequados para suas necessidades. A rigidez e padronização das carreiras e salários faz com que muitas áreas não consigam mais competir com o setor privado e instituições internacionais pelo talento que seria indispensável  para dar continuidade às pesquisas de ponta e a formação de alto nível de que o país necessita.
Nestas questões, tenho ouvido o argumento de que o ótimo é inimigo do bom, e que é melhor manter a rigidez orçamentária conquistada 35 anos atrás do que abrir o vespeiro de sua revisão anual.  Mas seria lamentável se conformar com a ideia de que instituições com tantas qualidades não deveriam buscar novos caminhos. A reforma tributária, com o fim do ICMS, de qualquer maneira vai forçar uma revisão, e é melhor, para as universidades, sair à frente com novas propostas do que ser atropeladas.
Um novo modelo para o sistema estadual deveria contemplar pelo menos três aspectos.  O primeiro é elaborar um plano diretor que  tome em conta os objetivos  de médio e longo prazo que o setor público deve ter e as parcerias que precisa estabelecer com outros níveis de governo e o setor privado para aumentar a cobertura, a qualidade e as vocações das diferentes instituições na formação profissional, formação para o magistério, pesquisa e cultura. Deve ser um documento conciso, construído em diálogo com diferentes setores, que estabeleça um consenso básico sobre o que o Estado deve fazer. Há anos que o conhecido sistema da California, com seus community colleges, universidades estaduais de ensino e a pós-graduação e pesquisa concentrados na Universidade da Califórnia,  tem sido citado como um modelo que o Estado poderia adotar, e ainda pode servir de inspiração. O segundo é criar um mecanismo regular de elaboração de orçamentos plurianuais  com participantes e processos definidos que possa garantir estabilidade de recursos e espaço para aperfeiçoamentos e mudanças de rumos com metas  e indicadores de resultados conforme o plano diretor, e não, somente, das antigas vinculações. E terceiro, fortalecer ainda mais a autonomia universitária, sobretudo no que se refere à flexibilidade no uso de recursos, processos administrativos e  políticas de recrutamento, contratação e remuneração de professores, que não podem continuar a ser rígidos e idênticos para todas as instituições e áreas de atuação. 
Com isto, o sistema público paulista poderia de fato se tornar mais funcional e equitativo, e suas universidades poderiam finalmente entrar para o século 21, como todos desejamos.

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Seminário de Práticas Exitosas no Ensino de Matemática —

Seminário de Práticas Exitosas no Ensino de Matemática — | Inovação Educacional | Scoop.it
Realizado pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com o conselho gestor da Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio, o Seminário de Práticas Exitosas no Ensino de Matemática busca promover o diálogo sobre as habilidades docentes para o ensino de matemática na educação básica. Coordenado pela Secretaria de Educação Básica do MEC (SEB), o seminário ocorrerá no auditório do edifício sede do Ministério da Educação, em Brasília (DF), e contará com a entrega da medalha de ouro para os 10 vencedores da Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMbr).
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Rio Grande do Sul tem cerca de 400 escolas destruídas, alagadas ou danificadas; veja imagens

Rio Grande do Sul tem cerca de 400 escolas destruídas, alagadas ou danificadas; veja imagens | Inovação Educacional | Scoop.it
Não há previsão de volta às aulas para 300 mil crianças; professores estão desalojados e não há como fazer ensino remoto
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Governo lança programa para impulsionar investimentos verdes no Brasil

Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial é um esforço para superar barreiras que antes dificultavam aportes estrangeiros de longo prazo no país e abre caminho para um futuro mais verde e sustentável
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Brasil, um salto à frente

Brasil, um salto à frente | Inovação Educacional | Scoop.it

Os brasileiros são conhecidos por sua criatividade e dinamismo, e essas qualidades serão mais necessárias do que nunca em um momento em que o país se esforça para garantir um futuro próspero para todos.
Três desafios de longa data continuam a ser particularmente relevantes na trajetória do país. Primeiramente, todos os brasileiros devem ter a possibilidade de realizar seu pleno potencial, independentemente de suas condições ao nascer. Em segundo lugar, as empresas brasileiras precisam reverter décadas de declínio da produtividade para que o país possa alcançar e manter níveis de crescimento mais elevados. Por fim, o país precisa adotar medidas decisivas em relação ao clima para se preparar para os choques climáticos, acabar com o desmatamento e, ao mesmo tempo, expandir a produção de alimentos e se tornar um líder global em economia verde.
Em resposta a esses três desafios, o Grupo Banco Mundial (GBM) acaba de atualizar sua Estratégia de Parceria com o Brasil. A nova estratégia, que abrange o período de 2024 a 2028, norteará as ações do grupo para ajudar o Brasil a alcançar um crescimento mais elevado, mais inclusivo e mais sustentável. Esse crescimento será baseado no aumento da produtividade e, ao mesmo tempo, buscará mitigar e se adaptar às mudanças climáticas.
O Grupo Banco Mundial trabalhou em estreita colaboração com o governo brasileiro e outras partes interessadas para formular a estratégia, que está alinhada aos objetivos definidos pelo governo no Plano Plurianual 2024-2027 e no Plano de Transformação Ecológica (PTE). O Grupo Banco Mundial também pretende ajudar a melhorar o ambiente de negócios no Brasil e o desempenho de suas empresas no cenário internacional.
De maneira geral, o Brasil não pode continuar a depender de booms de commodities e se basear fortemente em insumos como mão de obra e terra para alcançar o status de país de renda alta. Em vez disso, precisa adotar um modelo de crescimento baseado na produtividade e com baixas emissões de carbono, impulsionado por educação de alta qualidade e infraestrutura moderna, inclusive no ambiente digital, para criar mais e melhores empregos. O crescimento da produtividade na indústria manufatureira e nos serviços está estagnado há 20 anos.
Uma maior integração nas cadeias de valor globais ajudaria as empresas brasileiras a produzir bens e serviços de maior valor, a se tornarem mais competitivas, a explorar a riqueza de mercados globais mais amplos e a atrair mais capital para os investimentos necessários. Isso também reduziria a pressão interna por desmatamento para produzir mais ganhos.
Nas últimas décadas, o setor agrícola registrou ganhos de produtividade com investimentos em inovação, tecnologia e logística comercial, além de incentivos setoriais fornecidos pelo Estado. Isso ajudou o Brasil a manter sua posição de terceiro maior exportador de produtos agrícolas e alimentos do mundo. Contudo, parte desse sucesso depende de um modelo de agropecuária extensiva, que constitui uma ameaça para biomas importantes e a biodiversidade do país.
O aumento da inclusão, especialmente de afro-brasileiros e indígenas, cuja empregabilidade tem sido historicamente prejudicada por baixos níveis de qualificação, também ajudaria a promover um aumento da produtividade. Todo brasileiro pode e deve contribuir para o futuro do país. Com isso em mente, o GBM está ajudando a aumentar a produtividade do Brasil ao enriquecer o capital humano por meio de melhorias na qualidade da educação, da saúde e dos serviços sociais.
O competitivo setor agrícola e o enorme potencial do país no setor de energias renováveis e tecnologias verdes, se alavancados por instrumentos de financiamento climático, podem posicionar o país na vanguarda da economia de baixo carbono
O Brasil também precisa fazer mais para dar condições de sucesso às suas empresas - melhorando o ambiente de negócios, mobilizando investimentos públicos e privados, promovendo a inovação e a adoção de tecnologias e facilitando o acesso ao financiamento. A modernização do setor de infraestrutura, há muito negligenciado, também é importante: o investimento caiu de quase 5% do PIB na década de 1980 para apenas 1,7%. Para isso, será fundamental elevar os índices de poupança, que atualmente representam apenas 13% do PIB, em comparação com 30% nos países pares com crescimento mais rápido.
O enfrentamento dos desafios climáticos oferece uma janela de oportunidade. O competitivo setor agrícola brasileiro e o enorme potencial do país no setor de energias renováveis e tecnologias verdes, se alavancados por instrumentos de financiamento climático, podem posicionar o país na vanguarda da economia de baixo carbono. Com investimentos inteligentes, o Brasil pode se tornar um líder na fabricação de aço, vidro e cimento verdes. As oportunidades verdes podem atrair bilhões de dólares em investimentos na reindustrialização, assim como milhares de novos empregos industriais bem remunerados nos próximos anos. O próspero setor privado brasileiro está pronto para dar esse passo.
De julho de 2024 a junho de 2028, o programa do GBM no Brasil deve investir cerca de US$ 7 bilhões ao ano, com recursos próprios e por meio da mobilização de recursos de terceiros. Embora esse apoio corresponda a menos de 0,4% do PIB do país (cerca de US$ 2 trilhões), os conhecimentos do grupo, adquiridos a partir da experiência em países em desenvolvimento do mundo todo, combinados ao financiamento oferecido, apoiarão reformas institucionais e de políticas públicas capazes de promover permanentemente o desenvolvimento do Brasil. Se usado da maneira correta, o financiamento do Grupo Banco Mundial pode não apenas modelar novas abordagens e melhores práticas: ele também pode aumentar a vantagem competitiva do Brasil em setores essenciais.
Pela primeira vez, a nova estratégia do Grupo Banco Mundial concentra-se explicitamente em desafios e soluções regionais. Será dada atenção especial às regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, onde se encontram as oportunidades mais significativas para a redução da pobreza e para a ação climática, inclusive nos biomas da Amazônia, Cerrado e Caatinga. No Sul e no Sudeste, o GBM apoiará inovações capazes de gerar repercussões positivas, testando abordagens que, se bem-sucedidas, poderão ser estendidas a outras partes do Brasil e do mundo.
A nova Estratégia de Parceria com o Brasil reflete as aspirações da sociedade brasileira e demonstra o compromisso do Grupo Banco Mundial em ajudar o Brasil a fazer excelente uso de seu maior patrimônio: o talento, o dinamismo e a criatividade de seu povo. Estamos entusiasmados com a renovação de nossa parceria com o governo e o povo brasileiro e confiantes de que nossa nova estratégia ajudará a gerar prosperidade para todos os brasileiros.

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Por que as gangues digitais estão ainda mais perigosas

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Dez anos atrás, quando os ataques de ransonware - o sequestro de dados em troca de resgate - começaram a ganhar força, havia apenas um punhado dessas ameaças no ciberespaço e os hackers seguiam um modus operandi. “Naquela época, as organizações que pagassem, costumavam receber seus dados de volta”, diz Oyku Isik, professora de estratégia digital e cibersegurança na IMD Business School, sediada na Suíça. Nos últimos dois anos, porém, com a entrada de novos personagens em cena, os casos se multiplicaram e o padrão mudou.
Essa mudança de comportamento se deve, principalmente, à ação dos “afiliados”. “Eles não são hackers. São criminosos comuns que se separam depois de ganhar dinheiro com um ataque cibernético”, explica Isik.
Os afiliados compram os vírus dos hackers e se encarregam de infectar os sistemas da vítima. É o chamado RaaS (ransonware como serviço), uma imitação do modelo padrão na indústria de tecnologia, a do software como serviço ou SaaS. Uma vez codificados, os dados ficam inacessíveis e só são liberados com uma chave digital. O resgate é dividido, mas os afiliados não entram na gangue ou seguem suas orientações. Pelo contrário, com frequência cada vez maior, acabam se insurgindo contra os parceiros de crime.

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O significado do Dia do Trabalho

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Os indícios de declínio do Primeiro de Maio suscitam interpretações que mostram o quanto o evento anual esconde significados que nem sempre vêm à tona na própria comemoração. O aparente declínio dos comparecimentos ao ato é declínio do que e, sobretudo, de quem?
De imagem associada à classe trabalhadora, o comparecimento do presidente da República foi interpretado como seu declínio pessoal. Mas a atribuição ao evento de sentido estranho ao que é o trabalho sugere que ele, na concepção brasileira de hoje, já não é o trabalho de outros tempos.
O presidente, enquanto tal, já não é o operário. Não agrega à sua função quem personifica, propriamente, o trabalho. Além do que o trabalho já não tem a força política, social e simbólica que tinha quando ele se tornou proeminente figura sindical.
Ele é a expressão de um momento histórico nas relações de trabalho. O de quando ele, no Brasil, e Lech Walesa, na Polônia, tornaram-se personagens internacionais de um novo heroísmo social, o de dar à classe operária a condição de autora do capitalismo.
Os empresários tornaram-se, sociologicamente, coadjuvantes do capital. O operário foi para a mesa de negociação com a responsabilidade de assegurar a reprodução ampliada do capital porque é de seu interesse que ela ocorra e com justiça social. O capitalismo já não é o do “Manifesto comunista”.
Quando Lula passou da vida sindical para a vida política e quando se formou o seu partido, ele já estava em declínio como personificação política do trabalho. Sua metamorfose em personagem política, porém, foi um fato extraordinário e impensável no Brasil atrasado. O presidente se tornou personificação do moderno num Brasil atrasado. O oposto do antecessor do terceiro mandato.
Nesse sentido ele é uma das expressões originais da realidade brasileira produzida pela industrialização. Não foi a única. A indústria diversificou socialmente o Brasil. Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi outra significativa expressão desse Brasil da era da indústria e das ciências.
Principal estudioso das características sociológicas do nosso empresariado e de seu dilema histórico, foi quem primeiro compreendeu os impasses do empresariado nas transformações econômicas dos anos 1960.
A grande questão de seu livro sobre o empresariado brasileiro é a de saber se tinha e tem ele condições de enfrentar criativamente os desafios políticos de uma nova fase do desenvolvimento econômico e social. Os fatos históricos demonstraram que não as tinha nem tem.
Tanto empresários quanto trabalhadores perderam a centralidade no processo político brasileiro. Os trabalhadores porque a indústria, reduzida às funções subalternas da geopolítica da dependência, acabou limitada pela reestruturação produtiva, isto é, pela minimização do trabalho humano na produção da riqueza.
Numa linguagem teoricamente cara às esquerdas e à teoria do trabalho assalariado, a composição orgânica do capital já estava mudando. A proporção de capital constante, de máquinas e matérias-primas, estava crescendo de maneira muito desigual em relação à do capital variável, a do capital investido em salários. O protagonismo do trabalho na produção acentuava seu encolhimento.
Mesmo na agricultura, historicamente mais lenta na modernização das relações de trabalho, houve verdadeira revolução. As multidões de migrantes temporários que vinham todos os anos do Nordeste e de Minas para cortar cana nos canaviais de São Paulo encolheram rapidamente. Hoje um único trabalhador, manejando uma máquina, substitui centenas de trabalhadores.
O declínio da importância produtiva do trabalho gerou o seu declínio simbólico nas comemorações do Dia do Trabalho, reduzidas ao mero espetáculo. Durante muitos anos, nesse dia comemoravam-se as conquistas de direitos sociais pelos trabalhadores e pela indústria.
As mais importantes delas haviam sido a da jornada de oito horas de trabalho, o descanso semanal remunerado, a restrição ao trabalho infantil, os direitos da mulher trabalhadora. As comemorações dos últimos anos não indicam que os trabalhadores tenham propriamente o que comemorar.
Em algumas sociedades têm estado na pauta das demandas trabalhistas a questão da redução da jornada de trabalho, o direito ao aumento do tempo livre e a questão do uso a ser dado a ele. Anula essa aspiração a crescente categoria social de trabalhadores sobrantes. Um problema social que faz com que um número sempre maior de pessoas seja de mais de gente à procura de trabalho do que de trabalho à procura de gente. Trabalhador é agora não quem trabalha, mas quem vive intervalos de desemprego, quem alterna trabalho e procura de trabalho, certeza e incerteza.

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‘IA pode ser usada em eleições, mas com transparência’

Para a especialista Oyku Isik é preciso criar regras para informar eleitor sobre uso da tecnologia e responsabilizar quem fere as normas
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Ressurreição digital: é ético falar com mortos via IA?

Ressurreição digital: é ético falar com mortos via IA? | Inovação Educacional | Scoop.it

Um episódio de um programa de televisão provocou um amplo debate público e profissional há alguns meses. Nesse programa, várias pessoas foram expostas a recriações digitais das vozes de seus parentes falecidos geradas por IA (inteligência artificial) a partir de áudios reais. Essas recriações não apenas imitavam as vozes, mas também faziam perguntas sugestivas, provocando reações emocionais intensas nos participantes.
O fenômeno, que pode ser chamado de "ressurreição digital", envolve a recriação de aspectos de pessoas falecidas usando tecnologias avançadas. Embora possa oferecer um consolo momentâneo, essa prática abre um profundo debate sobre suas implicações éticas, filosóficas e legais.
RISCO DE CRIAR FALSAS MEMÓRIAS
O que realmente significa "ser"? Ao recriar a voz ou a imagem de alguém que já faleceu, nos perguntamos se estamos prolongando sua existência de alguma forma ou simplesmente criando uma sombra sem substância. A essência de um ser humano é, sem dúvida, mais do que um conjunto de respostas programadas ou uma imagem projetada. A singularidade da experiência vivida, das emoções, dos pensamentos, tudo isso parece inatingível para uma mera simulação digital.
Então, qual é o papel da memória nesse processo? A ressurreição digital pode ser vista como uma tentativa de preservar a memória, de manter viva a presença daqueles que perdemos. Mas é ético apegar-se a uma representação artificial em vez de permitir que a memória evolua e se transforme ao longo do tempo?
A memória humana não é estática: ela é seletiva, muda e se adapta. Ao recriar digitalmente uma pessoa, corremos o risco de alterar nossas próprias lembranças autênticas dela?
IDENTIDADE VERDADEIRA
Além disso, surge a questão da identidade. A identidade de uma pessoa é uma rede complexa de experiências e relacionamentos. Quando tentamos recriar alguém, podemos realmente capturar sua identidade ou estamos simplesmente criando uma versão idealizada, que se ajusta às nossas próprias expectativas e desejos?
Esses avanços tecnológicos também nos levam a pensar sobre o luto. A morte é uma parte natural da vida, e o luto um processo necessário para lidar com essa perda. Ao tentar manter uma conexão com o falecido por meio da ressurreição digital, estamos interferindo nesse processo vital e isso poderia nos impedir de seguir em frente e encontrar paz na aceitação da perda?
Por fim, a ressurreição digital levanta questões sobre consentimento e propriedade. Quem tem o direito de decidir se uma pessoa deve ser recriada digitalmente? E como lidar com o consentimento de alguém que não pode mais expressar sua vontade?
A perspectiva de fazer negócios com algo tão profundamente humano e doloroso como a morte e a perda de um ente querido levanta uma série de questões nos campos da filosofia, da ética e da moralidade.
Do ponto de vista ético, essa prática parece transgredir os princípios fundamentais de respeito e dignidade que devem orientar nossas interações humanas. O luto é um processo íntimo e sagrado, um caminho para a aceitação e a paz interior após uma perda significativa. A intrusão comercial nesse processo pode ser vista como uma forma de exploração emocional, tirando proveito daqueles que estão passando por um momento particularmente vulnerável.
E QUANTO AO PROCESSO NATURAL DE LUTO?
Além disso, esse tipo de negócio pode distorcer o processo natural de luto. O luto e a perda são experiências essenciais da condição humana, e lidar com elas faz parte do nosso crescimento pessoal. Se a comercialização da ressurreição digital impedir que as pessoas passem por esses estágios de forma saudável, oferecendo uma ilusão de presença em vez de ajudá-las a aceitar a realidade da ausência, isso pode não ser benéfico para elas.
Por outro lado, de uma perspectiva moral, vale a pena questionar a intenção e o objetivo por trás desses negócios. Em princípio, isso parece ser justificado pelo objetivo de proporcionar conforto e uma forma de lembrar os entes queridos. No entanto, onde está o limite entre proporcionar conforto e explorar o luto para obter lucro?
No centro da "ressurreição digital" está um paradoxo profundo e perturbador: a tecnologia, em sua tentativa de nos aproximar daqueles que perdemos, nos confronta com a realidade inescapável de sua ausência. Esse paradoxo nos leva a questionar não apenas a natureza da existência, mas também a essência do que significa ser humano.
Essas tecnologias, na tentativa de compensar a falta ou preencher o vazio deixado por um ente querido, não apenas destacam nosso desejo de nos apegarmos ao que perdemos, mas também nossa dificuldade de enfrentar e processar o luto diante da realidade inevitável da morte.
O paradoxo se amplia ainda mais quando consideramos que, em nosso esforço para preservar a memória e a essência dos entes queridos, recorremos a simulações que, por sua natureza artificial, nunca podem capturar totalmente a complexidade e a profundidade da experiência humana real. Assim, nos deparamos com o dilema de aceitar uma representação imperfeita e digitalizada que, embora reconfortante em alguns aspectos, pode não fazer jus à verdadeira essência do ente querido.

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Artigo: Novos modelos de avaliação da educação superior

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No começo de abril foram divulgados os resultados de três dos principais indicadores de qualidade da educação superior. Como ocorre todos os anos, o anúncio gerou grande repercussão e acalorados debates sobre a qualidade das graduações. O que pouco permeou as discussões foi a aplicação de uma metodologia-padrão para cursos e instituições com realidades e objetivos distintos.
Cabe ao Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apurar os dados do Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD); o Conceito Preliminar de Curso (CPC); e o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC). Nesta edição foram divulgados os resultados referentes a 2022. 
A boa notícia é que tanto as instituições de ensino superior quanto o Inep estão cientes de que os indicadores devem evoluir. Neste ano, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) completa 20 anos e tanto o Ministério da Educação (MEC) quanto o instituto ressaltaram a importância de avançar na construção de uma nova cesta de indicadores capazes de reconhecer e valorizar as características específicas dos cursos e as diferentes missões institucionais.
Ainda de acordo com o Inep, os estudos para monitorar aspectos como a eficiência das instituições, as condições de oferta específicas de cursos a distância e a produção de indicadores por área de conhecimento já começaram. As propostas devem contemplar um aspecto bastante importante tanto para as instituições quanto para os alunos: a empregabilidade dos egressos.
A questão é tão central para o setor privado que há três anos, em parceria com a Symplicity, desenvolvemos o Indicador ABMES/Simplicity de Empregabilidade (IASE). Com a contribuição de instituições e do próprio Inep, a iniciativa acompanha o desempenho dos graduados, permitindo a criação de indicadores de relevância nacional e que podem ser incorporados ao novo modelo de avaliação em construção.
Trata-se de um empenho necessário e acompanhado de perto pela ABMES. É imprescindível mensurar a qualidade do ensino   superior brasileiro e ter indicadores que ajudem as instituições a adaptarem e melhorarem seus cursos para uma oferta mais qualificada e conectada com as demandas e necessidades dos tempos atuais.
A mudança é necessária e requer celeridade. Uma avaliação mais justa — e, por que não dizer, realista — deve considerar critérios como a diversificação do modelo, as diferenças regionais e as missões distintas, como das universidades especializadas. Há ainda as faculdades isoladas nas pequenas cidades com significativa conexão com a comunidade e particularidades regionais. Além de contemplar as novas estruturas e possibilidades educacionais, como os modelos híbridos de aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos estudantes. Somos favoráveis à ampla avaliação na educação superior, mas há muito a melhorar no modelo atual. 

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A revolução da IA: seu trabalho está seguro ou em risco? 

O debate sobre IA: ajuda ou obstáculo?
A ascensão da IA ​​provocou um debate acalorado sobre o seu impacto potencial na sociedade. O mundo está mudando exponencialmente. Algumas pessoas argumentam que a IA aumentará a produtividade, melhorará os cuidados de saúde e facilitará o acesso à educação – já abordamos isso em artigos anteriores. Por outro lado, aqueles que trabalham em empregos com tarefas manuais repetitivas ou em algumas áreas criativas temem que a IA e a robótica tirem os seus meios de subsistência. A verdade provavelmente está em algum ponto intermediário. Embora a IA esteja a perturbar certas indústrias, também tem o potencial de criar novas profissões e ajudar a resolver problemas complexos.
O impacto económico da IA
De acordo com o McKinsey Global Institute, a IA pode gerar mais 13 biliões de dólares em actividade económica global até 2030, um aumento de 16% no PIB acumulado em relação ao actual. Isto corresponde a um crescimento adicional do PIB de 1,2% ao ano. Mas a questão é se esse dinheiro pertencerá a muitos ou a poucos.
Os principais impulsionadores deste impacto económico são a substituição da mão-de-obra através da automação e o aumento da inovação em produtos e serviços. Como profissionais da mudança, devemos estar preparados para orientar as organizações nesta transição e ajudá-las a aproveitar as oportunidades da IA. Nos três primeiros capítulos de The Convergence, mostramos-lhe várias desvantagens que as organizações têm e como os modelos existentes propostos por vários frameworks existentes (SAFe, Scrum, ou outros) precisam urgentemente de ser atualizados. Um desses pontos é a necessidade premente de passar de um modelo centrado no cliente para um modelo centrado no TriValue . Mas não quero estragar a sua leitura ou audição do livro, então é melhor você lê-lo lá.
Impacto social da IA
Além do impacto económico, a IA tem potencial para provocar inúmeras mudanças positivas na sociedade. Maior produtividade, melhores cuidados de saúde e melhor acesso à educação são apenas alguns exemplos. As tecnologias apoiadas pela IA podem ajudar a resolver problemas complexos e tornar a nossa vida quotidiana mais conveniente. No entanto, devemos também considerar as implicações jurídicas, políticas e regulamentares que surgirão à medida que a IA se tornar mais difundida em vários setores.
Profissões em risco de automação e substituição de IA
Embora seja difícil prever exatamente quais empregos serão perdidos devido à IA, certos setores e funções são mais vulneráveis ​​à automação do que outros. Entre aqueles com maior probabilidade de serem afetados pela IA estão representantes de atendimento ao cliente, recepcionistas, contadores, vendedores, pesquisadores, trabalhadores de depósitos, agentes de seguros e trabalhadores de varejo. Muitos trabalhos criativos, como designers gráficos e filmes FX e similares, também podem ser afetados.
Como profissionais da mudança, devemos identificar proativamente as funções em risco nas organizações e desenvolver estratégias para melhorar e requalificar os funcionários afetados. Um dos modelos que você pode usar para analisar qualquer uma dessas situações emergentes é o modelo de interoperabilidade de IA .
O Capítulo 5 de The Convergence aborda como fazer o mapeamento do fluxo de valor em ambientes altamente voláteis. Dessa forma, você pode estar sempre um passo à frente do que vem a seguir.
Abraçando a mudança e adquirindo novas habilidades
É essencial abraçar a mudança e aprender novas habilidades. Demonstrar conhecimento e experiência no desenvolvimento de IA pode dar aos profissionais uma vantagem no mercado de trabalho. Melhorar as competências técnicas, concluir cursos online, compreender a indústria, ganhar experiência profissional e desenvolver competências interpessoais são passos cruciais na preparação para o mercado de trabalho impulsionado pela IA. Os profissionais da mudança também devem promover uma cultura de aprendizagem contínua nas suas organizações para garantir que os funcionários estejam preparados para se adaptarem ao cenário em mudança. Lembre-se de que a aquisição de novas habilidades também pode ser ampliada com a IA.
Profissões que prosperarão na era da IA
Embora algumas profissões sejam perdidas devido à automação ou à substituição da IA, outras prosperarão na era da IA. Professores, diretores, gestores, CEOs, gestores de pessoas, psicólogos, psiquiatras, cirurgiões, analistas de sistemas informáticos, alguns artistas e escritores estão entre as profissões com menor probabilidade de serem substituídas pela IA. Essas profissões exigem alta inteligência emocional, criatividade e pensamento estratégico – habilidades que a IA ainda não domina.
Como você pode ver, a revolução da IA ​​não é um futuro distante; está acelerando agora. Como líderes da mudança, temos a responsabilidade de ajudar as nossas organizações a navegar neste cenário em mudança. Ao compreender o impacto potencial da IA ​​no mercado de trabalho, identificando empregos em risco e promovendo uma cultura de aprendizagem contínua, podemos garantir que as nossas empresas estão bem posicionadas para ter sucesso na era da IA. Para compreender a nova situação, você também deve ter modelos para ajudá-lo nesses momentos. Aqui recomendo que você dê uma olhada no modelo de interoperabilidade de IA e no meu novo livro The Convergence , onde avaliamos alternativas, estratégias e possíveis opções para esta nova realidade.
A perspectiva de perda de empregos devido à automação e à substituição da IA ​​é assustadora, mas devemos também reconhecer as enormes oportunidades da IA. No entanto, devemos também considerar a lentidão com que os políticos estão a agir nesta questão. A nova realidade exige uma nova estratégia global que vá além das estruturas mais tradicionais de legislação e regulação. E esse é o pré-requisito para que o nosso mundo atual seja sustentável.
Lembre-se, se abraçarmos a mudança e as novas competências e nos concentrarmos nas qualidades humanas únicas que a IA não consegue replicar, poderemos sobreviver e prosperar num futuro impulsionado pela IA para construir um progresso partilhado .

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Do presente ao futuro da educação, como a IA generativa está transformando o setor - MIT Technology Review

Do presente ao futuro da educação, como a IA generativa está transformando o setor - MIT Technology Review | Inovação Educacional | Scoop.it
O desenvolvimento da IA generativa apresenta novas possibilidades para o fortalecimento das práticas educacionais por meio da oferta de ferramentas criativas e personalizadas para o ensino. No entanto, a tecnologia também estabelece novos desafios para instituições, educadores, produtores de conteúdo e todos os agentes que fazem parte desse ecossistema.
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As faculdades agora estão fechando a um ritmo de uma por semana. O que acontece com os alunos?

As faculdades agora estão fechando a um ritmo de uma por semana. O que acontece com os alunos? | Inovação Educacional | Scoop.it

Foi quando o ônibus parou de chegar que Luka Fernandes começou a se preocupar.
Esta história também apareceu no The Washington Post
Fernandes era um estudante do Newbury College, perto de Boston, cujas matrículas diminuíram nas duas décadas anteriores, de mais de 5.300 para cerca de 600.
“As coisas começaram a fechar”, lembrou Fernandes. “Definitivamente havia uma sensação de que as coisas estavam dando errado. A comida decaiu. Parecia que eles realmente não se importavam mais.”
A escola privada, sem fins lucrativos, foi colocada em liberdade condicional pelos seus credenciadores devido às suas finanças instáveis. Então, o ônibus que ligava o campus suburbano à estação mais próxima do sistema de transporte público começou a atrasar ou nem apareceu. “Essa foi uma das coisas que nos fez sentir que eles estavam desistindo.”
Depois que os alunos foram para casa nas férias de inverno, chegou um e-mail: Newbury fecharia no final do semestre seguinte.
“Foi: 'Infelizmente temos que fechar depois de tantos anos, e blá, blá, blá'”, disse Fernandes, que era júnior. "Eu estava com muita raiva."
Os empréstimos que os estudantes contraíram para pagar a faculdade não foram perdoados, “o que era irritante. Eu já tinha investido muito dinheiro na minha educação e minha família não tinha esse dinheiro. Como vou aplicar isso ao meu futuro se ele não existe?”
Esta e outras questões estão na mente de cada vez mais estudantes nesta primavera, à medida que o ritmo de fechamento das faculdades acelera dramaticamente.
Cerca de uma universidade ou faculdade por semana até agora neste ano, em média, anunciou que irá fechar ou se fundir. Isso é um pouco mais de dois por mês no ano passado , de acordo com a Associação Estadual de Diretores Executivos do Ensino Superior, ou SHEEO.
Tantas faculdades estão fechando que alguns alunos que mudaram de uma para outra descobriram agora que sua nova escola também fechará, muitas vezes com pouco ou nenhum aviso. Alguns dos alunos de Newbury, quando esta fechou em 2019, mudaram-se para lá vindos do vizinho Mount Ida College, por exemplo, que fechou no ano anterior.
A maioria dos alunos das faculdades que fecham desiste completamente de seus estudos. Menos da metade é transferida para outras instituições , descobriu um estudo da SHEEO. Destes, menos de metade permanece o tempo suficiente para obter diplomas. Muitos perdem créditos quando mudam de uma escola para outra e têm de passar mais tempo na faculdade, muitas vezes contraindo mais empréstimos para pagar por isso.
O resto junta-se ao número crescente de americanos – agora mais de 40 milhões , de acordo com o National Student Clearinghouse Research Center – que gastaram tempo e dinheiro para ir para a faculdade, mas nunca a terminaram. E isso está a acontecer numa altura em que os esforços para aumentar a proporção da população com diplomas já enfrentam ventos contrários.
“Eu estava perguntando ao meu pai: 'Não posso voltar?' ”, disse Fernandes, que acabou decidindo continuar em outra faculdade e hoje trabalha como coordenador de pacientes em um hospital.
“Estou feliz por ter feito isso. Mas honestamente me assusta para o futuro da educação. Não tenho certeza para onde irá a educação se todas essas faculdades continuarem fechando. É apenas mais um obstáculo, especialmente para pessoas que estão tendo dificuldades com as mensalidades.”
É quase certo que as faculdades continuarão fechando. Uma em cada 10 faculdades e universidades com cursos de quatro anos está em perigo financeiro , estima a empresa de consultoria EY Parthenon.
“É simplesmente oferta e procura”, disse Gary Stocker, antigo chefe de gabinete do Westminster College, no Missouri, e fundador do College Viability , que avalia a estabilidade financeira das instituições. Os encerramentos seguem-se a um declínio de matrículas de 14 por cento na década até 2022, o período mais recente para o qual os números estão disponíveis no Departamento de Educação. Outro declínio de até 15% está previsto para começar em 2025.
“A única coisa que vai resolver isso são fechamentos ou consolidações suficientes em que a oferta e a demanda atinjam o equilíbrio”, disse Stocker.
Provavelmente, isso não é muito reconfortante para os alunos que frequentam ou frequentaram escolas fechadas.
Já este ano, e em poucos dias, o Birmingham-Southern College no Alabama, a Fontbonne University em St. Louis e o Eastern Gateway Community College em Ohio anunciaram que fechariam - Birmingham-Southern em maio, Fontbonne no próximo ano e Eastern Gateway até Junho, a menos que obtenha um resgate financeiro.
A Universidade privada com fins lucrativos de Antelope Valley, na Califórnia, foi ordenada pelo estado no final de fevereiro para fechar devido a deficiências financeiras. A Lincoln Christian University em Illinois e a Magdalen College em New Hampshire fecharão em maio, a Johnson University of Florida em junho e a Hodges University na Flórida em agosto. O College of Saint Rose em Nova York, a Cabrini University na Pensilvânia, a Oak Point University em Illinois, o Goddard College em Vermont e o campus de Staten Island da St. John's University serão todos fechados até o final deste semestre.
O Notre Dame College, em Ohio, também fechará suas portas no final deste semestre, deixando pela segunda vez alunos transferidos para lá da Alderson Broaddus University, em West Virginia, que fechou poucos dias antes do início das aulas no ano anterior.
Sete em cada 10 alunos de faculdades que fecharam receberam pouco ou nenhum aviso. Destes, uma proporção menor tinha probabilidade de continuar os seus estudos do que os estudantes de faculdades que avisaram mais e encerraram as operações de forma “ordenada”, concluiu o estudo SHEEO.
Tatiana Hicks estava em seu laptop se preparando para os exames finais do programa de enfermagem que frequentou na Stratford University, na Virgínia, quando seu bate-papo em grupo com outros estudantes começou a explodir. “A única coisa que me passava pela cabeça era estudar para as provas finais, mas meu telefone não parava de tocar”, disse Hicks, que estava indo para a escola enquanto trabalhava em turnos de 12 horas, três dias por semana, como auxiliar de enfermagem em um hospital para pagar por isso.
Um e-mail do reitor da universidade acabara de ser enviado dizendo que Stratford havia perdido seu credenciamento e estava fechando, com efeito imediato. Os alunos tiveram um mês para obter suas transcrições, disse. Mas em um dia, os telefones e e-mails da universidade foram desligados, disse Hicks, agora com 27 anos, que mora em Gainesville, Virgínia.
“Comecei a entrar em pânico. Chorei. Chorei por horas naquele dia. Isso aconteceu do nada”, disse Hicks, que perdeu todos os 94 créditos que ganhou e devia US$ 30 mil em empréstimos estudantis, embora eles fossem perdoados mais tarde, após mais de um ano de burocracia.
“Todo mundo ficava me perguntando: 'Quando você vai voltar?' E eu não queria voltar”, disse ela. “Eu pensei, isso só provou que eu não deveria ter ido para a faculdade.”
Hicks acabou se matriculando em um novo programa, começando novamente do zero em seu caminho para se formar em terapia respiratória.
Mais comum é a experiência de Misha Zhuykov, que terminou a sua educação formal quando o Burlington College, em Vermont, fechou durante o seu primeiro ano lá. A faculdade havia embarcado em uma expansão malfadada, comprando um orfanato católico abandonado, tão assustador que Zhuykov ajudou a fazer um filme premiado para seu programa de estudos de cinema. (A presidente na época do polêmico projeto de expansão era Jane O'Meara Sanders, esposa do senador Bernie Sanders.)
Misha Zhuykov, que encerrou sua educação formal quando o Burlington College, em Vermont, fechou durante seu primeiro ano lá. “Muitas pessoas simplesmente desistiram”, diz Zhuykov. “Tenho um amigo que trabalha em um posto de gasolina.” Crédito: Imagem fornecida por Misha Zhuykov
“Sempre houve uma sensação de desorganização” em Burlington, disse ele. Os instrutores adjuntos estavam gradualmente substituindo o corpo docente em tempo integral. “Todos nós suspeitávamos que algo poderia acontecer. Pensei: 'Aguente mais dois anos e estarei fora daqui'. ”
Em vez disso, Zhuykov e os últimos 100 outros alunos de graduação receberam menos de duas semanas de antecedência de que a faculdade fecharia. Uma empresa de segurança privada veio trancar os prédios. Ele disse que descobriu que nem todos os seus créditos seriam aceitos se ele fosse transferido.
Os estudantes que se transferem perdem em média 43% dos créditos que já ganharam e pagaram, concluiu o Government Accountability Office no mais recente estudo abrangente sobre este problema.
Como muitos de seus colegas de classe, Zhuykov nunca levou adiante sua educação formal. Ele agora trabalha como designer gráfico em New Hampshire. “Muitas pessoas simplesmente desistiram. Eles estavam apostando nesse diploma. Tenho um amigo que trabalha em um posto de gasolina.”
Mesmo aqueles que se formaram em faculdades que depois fecharam se deparam com perguntas incômodas quando procuram emprego. Roy Mercon foi para Burlington depois de servir no Exército. Ele conseguiu se formar antes que a faculdade parasse de funcionar. Mas quando ele se candidata a empregos, ele recebe reações céticas. “Eles dizem: 'Oh, você é daquela escola. Tentei pesquisar'”, disse ele.
“Você meio que confiava nas pessoas que lhe ensinavam que elas sabiam o que estavam fazendo. Isso faz você se sentir um pouco cínico e dá o tom para o resto da sua vida”, disse Mercon, que tem 35 anos e trabalha no suporte técnico de um provedor de serviços de Internet municipal em Burlington. Ele agora tem uma filha de 12 anos. Se ela decidir ir para a faculdade, disse ele, ele investigará para ter certeza de que aquela que ela escolher não fechará. “É uma coisa insana de se pensar.”
Laila Ali, que estava no último grupo de estudantes a se formar no Newbury College, enfrentou problemas burocráticos semelhantes. Quando ela começou um novo emprego em dezembro, disse ela, seu empregador tentou verificar sua formação, mas não conseguiu. “Eu realmente não sabia que caminho seguir. Com quem devo entrar em contato?” Ela finalmente mostrou a eles o diploma de física que recebeu quando se formou, o que o empregador aceitou. Mas desencadeou memórias indesejáveis.
“Lembro-me da formatura e do meu último semestre ter sido sombrio”, disse Ali, agora com 27 anos e morando em Atlanta. Ela disse ter visto alguns sinais de que a faculdade estava com problemas, mas também havia reformado recentemente uma academia, com novos equipamentos, e acrescentado equipes esportivas. Então o fechamento foi uma surpresa. “Eles poderiam ter nos dado um aviso.”
A diferença que um aviso pode fazer ficou evidente no Presentation College, em Dakota do Sul, que – antes de anunciar que fecharia – contratou a organização sem fins lucrativos College Possible para ajudar os 384 alunos restantes a continuar seus estudos. Após o anúncio, a faculdade permaneceu aberta durante o último semestre completo e continuou pagando seus treinadores de atletismo para conectar seus muitos alunos-atletas com novas equipes.
No início, quando os administradores reuniram todos na casa de campo para anunciar o fechamento, “os estudantes ficaram tão impressionados com a descrença que cerca de metade deles simplesmente se levantou e foi embora”, disse Catherine Marciano, vice-presidente de parcerias do College Possible. “Outros estudantes choravam publicamente ou expressavam raiva da administração.” E quando a faculdade realizou uma “feira de ensino” no mesmo ginásio com instituições que concordaram em aceitar os seus alunos e os seus créditos, nenhum apareceu, apesar de um dilúvio de promoção nas redes sociais.
“Demorou um pouco para ganharmos impulso”, disse Marciano. O corpo docente e os funcionários procuravam novos empregos, enquanto “os alunos naquela altura ainda estavam naquele estado de luto em que ficaram paralisados”.
Mas com o tempo, disse ela, “vimos essas emoções mudarem para: 'Ok, tenho que descobrir meus próximos passos. Quero continuar praticando esportes ou cursando enfermagem. ”
No final, 90 por cento dos últimos alunos formaram-se no último semestre, antes de a faculdade fechar definitivamente as portas, ou foram transferidos para outra instituição, disse Marciano – uma proporção muito maior do que em faculdades fechadas noutros locais.
Cassy Loa foi uma delas. Júnior na Presentation quando esta fechou, ela jogou no time de softball e conseguiu se transferir para a Dickinson State University. Mas mesmo com a ajuda que lhe foi prestada, disse ela, o caminho desde o dia em que o fechamento foi anunciado foi acidentado.
“Todos esses pensamentos estavam passando pela minha cabeça. O que eu iria fazer? Meus créditos serão transferidos? Ainda posso jogar softball? Para onde irão meus amigos? Eu tinha mais um ano até me formar e agora precisava procurar uma escola por mais um ano.”
Cassy Loa, que estava no primeiro ano do Presentation College quando este fechou. Ela se transferiu para a Dickinson State University, onde pôde continuar jogando softball. Crédito: Imagem fornecida por Cassy Loa
Viver esse processo, disse ela, “foi como estar no último ano do ensino médio novamente”. No final, como a Presentation tinha um acordo de ensino com o estado de Dickinson, na Dakota do Norte, a maior parte de seus créditos foi transferida.
Esse tipo de experiência é uma exceção à regra, entretanto. “Os alunos nem sempre vão bem quando as faculdades fecham. Na verdade, normalmente não se saem bem”, disse Paula Langteau, a última presidente da Presentation. “Algumas faculdades literalmente trancam a porta com cadeado, e esse é o anúncio delas.”
Isto não é deliberadamente malicioso, disse Langteau. As escolas em dificuldades “pensam que podem de alguma forma permanecer abertas. Ou talvez tenham medo de parecer que falharam.”
Ela agora trabalha como consultora para ajudar outras faculdades nesse processo – um sinal da frequência com que isso acontece.
“Estamos começando a transmitir às faculdades e aos conselhos que é necessário haver mais planejamento prévio, e isso é difícil”, disse Langteau. “É difícil admitir quando é hora de uma instituição fechar ou se fundir.' ”
As fusões também estão aumentando, embora quase sempre terminem com o desaparecimento do parceiro em dificuldades. A Woodbury University está sendo incorporada à University of Redlands, e o St. Augustine College, em Chicago, à Lewis University. A Faculdade de Ciências da Saúde da Pensilvânia foi absorvida pela Universidade de Saint Joseph em janeiro. A Salus University se tornará parte da Drexel University em junho e deixará de funcionar como uma instituição separada no próximo ano. A Bluffton University, em Ohio, será integrada à University of Findlay, também no próximo ano.
Este parece ser um caminho mais fácil para os estudantes, que presumivelmente poderão terminar na faculdade sucessora. Mas nem sempre é. Os alunos que frequentaram o Mills College receberam um acordo de US$ 1,25 milhão em uma ação judicial acusando-os de que poderiam terminar seus estudos depois que a faculdade fosse absorvida pela Northeastern University. A ação alegou que a Nordeste eliminou programas que ainda não oferecia, nos quais 408 alunos do Mills estavam matriculados. As universidades negam ter enganado os estudantes.
Estas paralisações também afectam os contribuintes, que têm de absorver o custo dos empréstimos estudantis subsidiados pelo governo federal que são perdoados em alguns casos. Os alunos da ITT Tech tiveram dívidas perdoadas de US$ 1,1 bilhão quando ela fechou, por exemplo.
As novas regras do Departamento de Educação dos EUA entrarão em vigor em Julho e exigirão que as instituições comuniquem se estão a entrar em falência ou enfrentam julgamentos legais dispendiosos, e que reservem reservas para cobrir o custo dos empréstimos estudantis caso falhem.
Também é cada vez mais importante que os consumidores entendam a situação financeira das faculdades que consideram, disse Stocker, da College Viability.
“Se um restaurante tem problemas de saúde, não queremos ir até lá”, disse Stocker. “Se um fabricante de automóveis está com problemas, por que iríamos querer comprar esse carro? A mesma coisa para faculdades.”

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MEC discute transparência e indicadores na Rede Federal —

MEC discute transparência e indicadores na Rede Federal — | Inovação Educacional | Scoop.it
Para o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Marcelo Bregagnoli, o encontro demonstra à sociedade o valor público da Rede Federal e o impacto das suas ações de forma qualitativa junto à população. O secretário fez um destaque especial à Plataforma Nilo Peçanha (PNP) , ambiente virtual criado para coletar, validar e disseminar as estatísticas oficiais das instituições, tais como indicadores de gestão, índices acadêmicos e dados orçamentários e de pessoal. “A PNP é especialmente útil por conter indicadores de gestão, índices acadêmicos e dados orçamentários e de pessoal, tudo isso reunido em um só espaço”, disse Bregagnoli. A Plataforma Nilo Peçanha atende, ainda, a recomendações e instruções dos acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU). 
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Inscrições abertas para cursos de educação digital no Avamec —

Inscrições abertas para cursos de educação digital no Avamec — | Inovação Educacional | Scoop.it

Nesse sentido, a disponibilização dos cursos autoinstrucionais no Avamec visa oferecer caminhos para o desenvolvimento de professores nas temáticas de educação midiática e cidadania digital. São eles:  
Educação midiática para adolescentes e jovens - Cidadão Digital   
Fake Dói: verificação de conteúdo na internet com técnicas abertas     
Atividades complementares de educação midiática  

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Entenda o Plano de Transformação Ecológica lançado na COP28

Estruturado em seis eixos - financiamento sustentável, desenvolvimento tecnológico, bioeconomia, transição energética, economia circular e infraestrutura e adaptação às mudanças climáticas – o plano prevê principalmente investimentos em infraestrutura. Entre as medidas, estão o mercado regulado de carbono, a criação de núcleos de inovação tecnológica nas universidades, a ampliação de áreas de concessões florestais, a eletrificação de frotas de ônibus, o estímulo à reciclagem e obras públicas para reduzir riscos de desastres naturais. 
O Ministério da Fazenda divulgou um levantamento com o detalhamento de cada uma das ações nos seis eixos e a situação atual de cada medida. Algumas já se concretizaram, como a primeira emissão de títulos verdes (títulos que financiam projetos socioambientais), por meio da qual o governo captou US$ 2 bilhões no mercado internacional. Algumas estão em discussão no Congresso Nacional, como o imposto seletivo da reforma tributária e a criação do Mercado Regulado de Carbono. Outras ações dependem do lançamento de editais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

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Brasil pode assumir a liderança na economia verde com aposta em energias renováveis

Com projeções que indicam um crescimento de 2,2% no PIB potencial e uma receita adicional de até R$ 120 bilhões até 2030, o Plano de Transformação Ecológica pavimenta o caminho para um futuro sustentável, próspero e justo para o Brasil
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Robôs sommeliers e baristas podem suprir falta de mão de obra na Coreia do Sul

Robôs sommeliers e baristas podem suprir falta de mão de obra na Coreia do Sul | Inovação Educacional | Scoop.it

À medida que a Coreia do Sul enfrenta uma força de trabalho em rápida diminuição, as empresas de robótica olham para o setor de serviços na esperança de suprir a escassez de mão de obra em uma série de áreas, desde restaurantes a cuidados com a saúde.
Em uma exposição de robôs em março em Seul, a Hanwha Robotics apresentou um braço robótico programado para decantar vinho como um sommelier humano experiente. “O sabor tem profundidade”, disse um convidado que provou o vinho servido na demonstração. O robô replica os movimentos do braço de um sommelier usando controles precisos de força, posição e velocidade.
A Doosan Robotics, que controla cerca de 40% do mercado sul-coreano, também trabalha na comercialização de robôs para a indústria de alimentos e bebidas.
No mês passado, em Seul, a empresa começou a testar um robô barista que pode servir 80 xícaras de café por hora. Também testou um robô de cozinha que pode operar seis frigideiras ao mesmo tempo em uma escola, atendendo 500 pessoas em duas horas.
Fritar grandes quantidades de alimentos é perigoso, criando uma forte demanda para automatizar o processo, disse a Doosan Robotics. A empresa espera vender o produto em todo o país.
A Coreia do Sul lidera o mundo em densidade de robôs, com 1.012 deles para cada 10.000 trabalhadores em 2022, segundo a Federação Internacional de Robótica. O número está bem acima dos 730 de Singapura e duplica ou triplica os números da Alemanha, Japão, China e EUA.
Muitas empresas sul-coreanas estão agora se concentrando em robôs colaborativos concebidos para trabalhar em conjunto com pessoas, ao contrário dos robôs industriais frequentemente utilizados em fábricas. Também chamados de cobots, estes robôs estão se tornando comuns no setor de serviços da Coreia do Sul.
As vendas sul-coreanas de robôs de serviço duplicarão para US$ 1 bilhão em 2026 em relação aos níveis de 2023, prevê o Instituto Coreano de Informação Científica e Tecnológica.
A tendência é impulsionada em grande parte pela grave escassez de mão de obra no país. A população em idade ativa diminuiu desde o pico de 37,6 milhões em 2019, e prevê-se que caia para 29 milhões em 2040, à luz da taxa de natalidade ultrabaixa do país.

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Brasil quer ser exemplo em uso de inteligência artificial pelo Judiciário

Brasil quer ser exemplo em uso de inteligência artificial pelo Judiciário | Inovação Educacional | Scoop.it
As discussões do G20 (grupo de 19 grandes economias globais, mais União Europeia e União Africana) também passam por como agilizar processos em tribunais de Justiça com uso de novas tecnologias, como a inteligência artificial, e até o papel das Cortes Supremas no desenvolvimento sustentável e na emergência climática.
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BP recebe aval do MEC para abrir faculdade em São Paulo 

A BP- Beneficência Portuguesa vai investir R$ 70 milhões em sua nova faculdade, autorizada nesta quinta-feira (9) pelo Ministério da Educação (MEC). Com o aval, o hospital também vai disputar o mercado de faculdades de medicina ao lado de Sírio-Libanês, Rede D’Or e Albert Einstein.
A faculdade inicia as atividades já no segundo semestre com sete pós-graduações. No próximo ano, serão lançados os cursos de psicologia e enfermagem e depois vem a medicina. Nesse último caso, o processo de validação ocorre via Programa Mais Médicos, cujo edital com as regras para os hospitais se inscreverem foi publicado na semana passada. “Temos os pré-requisitos exigidos como ter dez programas de residência já em operação”, afirmou Denise Santos, presidente da BP.
A meta da nova instituição - batizada de BP Educação e Pesquisa - é ter cerca de 700 alunos nos diversos cursos ofertados com receita na casa dos R$ 200 milhões quando as primeiras turmas estiverem se formando. A estratégia é que o aluno comece fazendo a graduação, continue a residência e as especializações dentro da própria instituição. Além disso, uma parte desses profissionais deverá ser absorvida pelo grupo hospitalar.
No ano passado, a Beneficência Portuguesa encerrou com receita líquida de R$ 2,1 bilhões, aumento de 15% quando comparado a 2022. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) saltou quase 104% para R$ 183,5 milhões com melhora operacional e aumento da receita financeira. O hospital reduziu sua alavancagem de 2 para 1,3 vez o Ebitda e encerrou 2023 com um saldo de caixa de R$ 172 milhões.
A nova instituição de ensino superior está sendo montada ao lado do hospital da BP - Beneficência Portuguesa e, coincidentemente, no mesmo prédio onde já está a faculdade do Sírio-Libanês, no bairro da Bela Vista.
Nos últimos anos, os hospitais privados começaram a se movimentar para ciar suas próprias faculdades de medicina e de outros cursos de saúde. Todos aguardavam o fim da proibição de novos cursos de medicina, que perdurou de 2017 a 2023.
Em 2016, o Albert Einstein foi o primeiro a ter sua própria escola para formação de médicos que, em pouco tempo, tornou-se a instituição particular mais procurada nessa graduação, chegando a ter uma relação candidato vaga superior a de várias universidades públicas. Há um interesse genuíno dos alunos por faculdades ligadas a hospitais, principalmente, aqueles com forte reputação na área da saúde, uma vez que os estudantes dessas escolas têm grandes chances de permanecer na casa.
A BP-Beneficência Portuguesa, fundada há 165 anos, planejava ter uma faculdade desde 2020, para expandir sua atuação na área de educação. Até então, as atividades de ensino se limitavam ao curso técnico de enfermagem, ofertado desde a década de 1960, e a residência médica - modalidades que não precisam ser ministradas por meio de uma faculdade. “Investimos há muito tempo de forma consistente em pesquisa, tecnologia. Além disso, temos um programa nacional de capacitação de profissionais de saúde e projetos sociais. Então, faz todo sentido termos uma faculdade para completar esse ecossistema”, disse a presidente.
Desde 2020, a BP faz parte do grupo de seis hospitais de excelência que têm isenções de impostos - cerca de R$ 300 milhões em três anos - e devem reaplicar no mínimo o mesmo valor em ações ligadas à saúde determinadas pelo Ministério da Saúde. Esse grupo é formado por BP, Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Albert Einstein, Moinhos de Vento e Sírio-Libanês.

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Querida, encolhi os ‘influencers’ | Guilherme Ravache

Querida, encolhi os ‘influencers’ | Guilherme Ravache | Inovação Educacional | Scoop.it
“Antes da agência de talento, tem o ‘creator’ [influenciador] que tem um desafio de diversificar o modelo de negócio”, diz Rafaela Lotto, sócia e principal executiva da Youpix, consultoria de influência digital. “Viver de ‘publi’ [postagem paga pelo anunciante] é um sonho de todo mundo, só que é muito difícil, não tem marcas [suficientes] para pagar “job” [um trabalho] para 20 milhões de influenciadores no Brasil. Então, tem uma diluição, uma diminuição da verba e uma tentativa das marcas de tornar esse investimento cada vez mais efetivo”.

Neste cenário mais competitivo, Lotto diz que para se sustentarem os influenciadores são levados a diversificar o modelo de negócio. E quando tudo funciona, isso se traduz em linhas de produtos e receitas que não dependem dos “publis”. As agências sofrem com o mesmo problema. Se a agência tem os melhores talentos, não terá problemas em vender “publis”, mas se isso não acontecer, a engrenagem trava.

“É um desafio de modelo de negócio, porque a dependência das marcas, com cada vez mais agências, cada vez mais ‘creators’, está ameaçando um negócio que tem uma fonte de receita só. Então, muitas coisas vão aparecendo, inclusive modelos de contrato que amarram outras áreas dentro do modelo de agenciamento, não apenas os ‘publis’ ”, diz Lotto.

A consultora aponta ainda uma ineficiência do mercado de influência, no qual uma cadeia de agências gera uma cascata de custos. “A marca paga uma agência tradicional, que contrata uma agência digital, que contrata uma agência de influenciadores, que contrata o ‘creator’ que às vezes tem um agente. Imagine quanta gente está cobrando 20% disso”, afirma.

Isso explica porque marcas como a L’Oréal, que utiliza intensamente influenciadores, estão internalizando o trabalho de influência que antes era feito por agências. A ideia é cortar os intermediários e gastar com o próprio influenciador.

Se a estrutura e expertise das agências de influência tem se tornado um diferencial menos atrativo para os grandes influenciadores mais procurados pelas marcas, para os nano e micro-influenciadores ainda é interessante estar em um modelo de agenciamento. Ao entrarem em uma estrutura maior e mais profissionalizada, ganham acesso a oportunidades que provavelmente não teriam sozinhos. Isso explica a crescente migração das agências de influência para um modelo com cada vez mais agenciados.

A vez dos micros e dos nanos?

Dias atrás, a Play9, que representa nomes como Giovanna Ewbank e Galvão Bueno, revelou que está prestes a lançar um marketplace para conectar nano, micro e pequenos influenciadores a marcas que querem lançar campanhas nas redes.

Em entrevista à coluna Capital, de "O Globo", João Pedro Paes Leme, que fundou a Play9 com o youtuber Felipe Neto em 2019, conta que um post publicitário de menos de R$ 12 mil dá prejuízo à Play9 por causa da estrutura da empresa. “A gente entendeu que, para escalar e achar outros fenômenos, era preciso olhar para a base da pirâmide. Estima-se que o Brasil tenha mais de 10 milhões de influenciadores. Se 10% gerarem receita, a oportunidade é gigante”.

Outro problema para as agências de influência é que os grupos de mídia tradicional, após anos à margem do mercado de influência, começam a assumir as rédeas de seus próprios talentos também nas redes sociais. Em entrevista ao Valor, em março, Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, revelou que o grupo também aumentará sua participação no segmento de marketing de influência.

A Globo agencia seus talentos há anos, negociando publicidade em novelas e seus programas, mas é uma entrante tardia no agenciamento de influenciadores. A empresa se convenceu que ainda havia uma oportunidade de entrar neste mercado ao concluir que agenciar os talentos nas redes poderia ser uma extensão do plano comercial, o que poderia ser bom para anunciantes, talentos e ainda trazer mais dinheiro de publicidade para a casa.

Para os influenciadores, atuar com a Globo é ter acesso a uma das maiores e mais bem conectadas equipes comerciais do país, além de alavancar a força da TV e demais plataformas da empresa.

Quando deixou o jornalismo da Globo e passou a apresentar o BBB, Tadeu Schmidt, a exemplo de outros apresentadores da área de entretenimento, estava liberado para fazer "publis" em suas redes sociais. Em dúvida sobre o que poderia ou não fazer, procurou a direção da emissora. Assim, se tornou um projeto piloto dentro da Globo para o agenciamento de talentos nas redes sociais.

Depois do teste bem-sucedido com Tadeu veio a apresentadora Patrícia Poeta, que agora também é agenciada pela Globo. O plano é trazer mais nomes e eles não precisam necessariamente serem contratados da emissora.

Segurança de marca e ativações integradas

Para as as marcas, além de aumentar o "brand safety" [proteção da marca] ao trabalhar com um grupo de mídia renomado, contratar influenciadores por meio da Globo permite integrar as ações e fazer tudo em um mesmo lugar. O comercial da Bia (Beatriz Reis) do BBB24 é avaliado como um caso de sucesso nesse sentido. Graças ao fato da Globo estar realizando o agenciamento dos Pipocas do BBB24, a emissora pode negociar uma ação de marketing com o iFood mesmo com a participante ainda confinada.

“Mesmo que outra agência de influência negociasse uma ação com a Bia logo na saída do BBB, não teria acesso à agenda dela logo no dia seguinte à eliminação do BBB para encaixar a gravação da campanha”, diz uma executiva que participou das negociações. “Outra vantagem é receber todos os dados da campanha, o pós-venda, integrado, e não ficar reunindo informações de diversos lugares diferentes”.

Neste ano, os participantes da Pipoca do BBB 24 assinaram acordo com a Globo ao entrarem no programa e passaram a ser agenciados pela emissora. Após o fim do programa, alguns participantes reclamaram de dificuldades de fecharem acordos comerciais por limitações impostas pela emissora.

A Globo não comentou as reclamações dos pipocas, mas a avaliação é que a regra não mudou. Como nos anos anteriores, parcerias e ações comerciais dos ex-BBBs são barradas quando há conflito com os patrocinadores do programa. Há quem também veja nas reclamações dos pipocas uma ação orquestrada por players que perderam espaço com a entrada da Globo na comercialização de participantes do BBB nas redes sociais.

Por enquanto, os nano e microinfluenciadores não estão nos planos da Globo. A avaliação da empresa é que seria necessário investimentos em tecnologia e a oportunidade com nomes estabelecidos é mais atrativa neste momento.

Big techs também ampliam atuação com influenciadores

Em fevereiro, o Instagram anunciou que iria expandir sua ferramenta de marketplace para conectar marcas com criadores para parcerias pagas ou anúncios em oito novos países. O Brasil foi uma das regiões a receber o novo recurso.

Segundo o Instagram, o marketplace já conectou "milhares" de criadores e marcas. No ano passado, a companhia adicionou recursos para a comunicação com criadores e estruturação de briefings, e convidou agências para usar a plataforma.

Como aponta o TechCrunch, a lista de empresas querendo conectar marcas e influenciadores é crescente. Além do Instagram, o Snap, YouTube e TikTok, também oferecem funcionalidades de marketplace para criadores. Diversas startups também disputam este mercado.

A Catch+Release, financiada pela Accel, está ajudando marcas a descobrir melhor conteúdos licenciáveis. A Agentio, que levantou US$ 4,25 milhões em financiamento de investimento seed co-liderado pela Craft Ventures e AlleyCorp, desenvolveu uma plataforma para organizar o processo de venda de espaços publicitários em vídeos do YouTube. A Breaker, que tem como investidores Marc Benioff, a16z/TxO, o ex-CEO do TikTok, Kevin Mayer, e R/GA Ventures, conecta gravadoras e artistas a influenciadores para executar campanhas promocionais.
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Ryan SP: 'Nem o tráfico faz dinheiro como o funk'

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Expulso da escola
O MC no topo das paradas estava em posição inversa nos boletins da escola.
"Metia o louco, falava que ia estudar e ia para o parque da Juventude passar a tarde com os MCs. Uma hora fui expulso da escola. Não me orgulho."
"Hoje sofro muito com isso. Não sei escrever direito. Virei meme no Instagram escrevendo errado [Os erros de ortografia de Ryan realmente viralizaram]. O bagulho é que eu parava de estudar para trampar."
Ryan parou na 7ª série do ensino médio e foi para Tatuí, no interior de São Paulo. Trabalhou como cabeleireiro, entregador de panfletos e limpador de carros.
"O cara queria me colocar para aspirar [os bancos], e eu falei: 'Aí não, chefe'. Fui viver do meu sonho."
A avó o ajudou a alugar um apartamento na capital em 2019. Era apertado, mas Ryan fazia caber DJs e MCs. "Ele encheu o apartamento de gente. O síndico me ligando, dizendo que ia multar, e eu apavorada", lembra Vera.
Na pandemia, Ryan conta ter vivido de auxílio emergencial e da ajuda de amigos. Mas, mesmo na quarentena, não dispensava convites.
Fiz muito show na pandemia mesmo. Era o jeito que tinha para sobreviver. Ia viver de vento? Metia marcha.
Ryan, que já nasceu com problema de pulmão, não tinha medo por ele e os fãs? "Tinha, mas graças a Deus deu certo."
Contra Datena, a favor da revoada
A virada veio com "Vergonha Pra Mídia", no meio de 2020. A letra xingava o apresentador Datena e defendia os jovens da periferia: "Os menor cresce revoltado contra o Estado / E depois da mídia passa como se nóis fosse errado / Seu sistema é de safado".
Salvador da Rima, seu parceiro na época, era combativo. Ryan preferiu seguir uma linha festiva.

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Eleita a nova Vice-Presidente do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais

Eleita a nova Vice-Presidente do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais | Inovação Educacional | Scoop.it
Em uma Reunião Plenária Extraordinária realizada nesta sexta-feira (3/5), às 12h, o Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais (CEE/MG) elegeu Girlaine Figueiró Oliveira como a nova Vice-Presidente, em uma decisão unânime. O evento ocorreu de maneira virtual, devido às medidas de teletrabalho estabelecidas pela Portaria CEE Nº 12, de 18 de outubro de 2023. Dentre os participantes estavam os Conselheiros Andréa Cristina Dungas Santos, Dirce Efigênia Brito Lopes e Oliveira, Emerson Luiz de Castro, Hélvio de Avelar Teixeira, Ivonice Maria da Rocha, Juliana de Carvalho Moreira, Kátia Liliane Alves Canguçú, Luciano Sathler Rosa Guimarães, Maxwell Boaventura Barbosa, Paulo Leandro de Carvalho, Sérgio Luiz Nascimento e Wagner Silveira Rezende. A eleição seguiu as normas regimentais do CEE/MG e marca um momento significativo para a continuidade das atividades do Conselho, sob a liderança do presidente, Felipe Michel Braga. O mandato da nova Vice-Presidente terá duração até dezembro de 2025.
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Utopias Plausíveis: o futuro do Reconhecimento Aberto

Anteriormente , discutimos a elaboração de um manifesto para o Reconhecimento Aberto , uma iniciativa que envolve a visão do que poderíamos chamar de “utopias plausíveis”. Este é um trabalho para e em nome da comunidade Open Recognition is for Everybody (ORE), que é administrada pela WAO e patrocinada pela Participate .
Neste artigo, exploramos estas utopias plausíveis em horizontes temporais de cinco e dez anos, tendo em mente o equilíbrio entre credenciais institucionais e reconhecimento baseado na comunidade. Não é um caso de um ou outro, mas de ambos e . Precisamos de credenciais de instituições para provar tudo, desde a nossa identidade até à nossa capacidade de desempenho de alto nível. Mas também precisamos de uma forma de dar e receber reconhecimento que vá além das credenciais. Em suma, queremos criar um mundo que elimine obstáculos e obstáculos injustos que acompanham as injustiças sistémicas e os preconceitos institucionais. Mas continue lendo para mais detalhes.
O que é reconhecimento aberto?
Um rápido lembrete do que queremos dizer com reconhecimento aberto, nesta postagem :
O Reconhecimento Aberto é a conscientização e valorização de talentos, habilidades e aspirações de maneiras que vão além do credenciamento. Isto inclui reconhecer os direitos dos indivíduos, comunidades e territórios de aplicarem os seus próprios rótulos e definições. Os seus enquadramentos podem ser emergentes e/ou implícitos.
Reconhecimento aberto até 2029: uma perspectiva de cinco anos
Considerando o significativo interesse e investimento na contratação baseada em competências, é provável que esta se desenvolva plenamente nos próximos cinco anos. O progresso desta tendência será provavelmente distribuído de forma desigual; os EUA, onde a maior parte do financiamento está disponível, liderarão sem dúvida o caminho.
A contratação baseada em habilidades é uma abordagem de recrutamento que prioriza as habilidades e competências do candidato em detrimento das credenciais tradicionais. Isso inclui as habilidades reais necessárias para um bom desempenho de um trabalho e é uma combinação de habilidades técnicas, habilidades “duráveis” (também conhecidas como “soft”) e a capacidade de resolver problemas. A ideia é ampliar o pool de talentos, reduzir preconceitos inerentes ao processo de contratação e alinhar mais os candidatos às necessidades do cargo.
Indo além do trabalho
Embora possa ser útil classificar as pessoas em categorias e combiná-las com os empregos, a vida é mais do que trabalho. Portanto, embora a contratação baseada em competências seja um passo importante para uma utopia plausível para o Reconhecimento Aberto, vamos pintar um quadro mais amplo e holístico.
A definição de Reconhecimento Aberto utilizada acima inclui “reconhecer os direitos dos indivíduos, comunidades e territórios de aplicar os seus próprios rótulos e definições”. Prevemos um foco contínuo no direito à autodeterminação de todas as pessoas, inclusive nas redes online e offline. Vemos também um mundo em que o reconhecimento dos pares é valioso e honrado nos processos de contratação e aceitação. Isto significa, quando apropriado, distintivos para tudo, desde o conhecimento nas comunidades indígenas até ao reconhecimento da pessoa determinada e resiliente que se mostra aos outros, aconteça o que acontecer.
Os currículos começarão a ser substituídos por portfólios digitais que podem ser exibidos em dispositivos móveis e compartilhados com outras pessoas por meio de links da web. Enquanto os currículos e currículos são baseados em afirmações, na medida em que a pessoa que representam afirma saber ou ter feito algo, os crachás são baseados em evidências, pois fornecem evidências de que a pessoa pode fazer algo - ou mantém um relacionamento específico com outro indivíduo ou organização. Além disso, os portfólios digitais começarão a conter Credenciais Verificáveis , tanto aquelas emitidas por governos ou instituições de ensino superior, como também VCs emitidas em comunidades e por pares.
A aprendizagem comunitária está particularmente bem posicionada para proporcionar o reconhecimento de talentos que são tão valiosos em todos os aspectos da sociedade. As pessoas que participam em comunidades de prática desenvolvem todo o tipo de competências que muitas vezes não são reconhecidas. Por exemplo, as competências de facilitação são úteis não só no mundo do trabalho, mas também nos contextos da vida familiar, do desporto e do activismo. Ser capaz de ver rapidamente quais experiências e habilidades você possui em um grupo de pessoas pode ser particularmente útil, especialmente em momentos de necessidade.
Reconhecimento Aberto em 2034: Uma Visão de Dez Anos
Imagem CC BY-NC Pensamento Visual para WAO
A próxima década poderá testemunhar mudanças significativas na forma como abordamos a educação e o desenvolvimento profissional. Há muito que se fala sobre a “ruptura” dos sistemas de educação formal que são (erroneamente) rotulados como sendo adequados apenas para a Revolução Industrial. Embora os professores façam um excelente trabalho em circunstâncias difíceis, ao olharmos para uma década no futuro, podemos começar a imaginar um mundo onde os percursos educativos são personalizados, mapeados através de diferentes formas de reconhecimento.
Parte deste reconhecimento pode ser através de credenciais institucionais formais, obtidas como resultado de uma avaliação sumativa. Em outras palavras, é provável que você ainda obtenha credenciais para passar nos exames, mas estas serão cada vez mais digitais.
Inovações em reconhecimento
Mas há mais maneiras de provar que você sabe ou pode fazer algo do que por meio de exames de alto nível. Uma de nossas maneiras favoritas de usar distintivos para reconhecimento aberto inclui doar por um distintivo e depois trabalhar para alcançá-lo. Outra é a autoemissão de distintivos para habilidades que você aprendeu sozinho e, em seguida, pedir a outras pessoas que endossem esses distintivos. Outras abordagens incluem orientação, participação em eventos comunitários e emblemas baseados em interesses – por exemplo, com atividades criativas.
Esperamos que alguns avanços sejam feitos em direção à automação do que é frequentemente chamado de APL (Avaliação da Aprendizagem Prévia) ou RPL (Reconhecimento da Aprendizagem Prévia). Embora ainda seja útil manter um ser humano informado, a tecnologia de IA está avançando para nos ajudar a usar Rich Skills Descriptors (RSDs) para ajudar com mal-entendidos em torno da semântica.
Tomemos como exemplo o voluntariado, algo que infelizmente está em declínio no mundo ocidental. Existem muitas maneiras diferentes de doar suas habilidades para grupos ou organizações que precisam de ajuda. Com uma ajudinha da tecnologia, será normal encontrar oportunidades baseadas no reconhecimento que você recebeu na forma de distintivos.
Dentro de dez anos, os portfólios digitais de credenciais, crachás e outras peças de reconhecimento serão comuns. Eles serão construídos com base em tecnologia aberta, como carteiras de código aberto, e usando padrões W3C. A melhor maneira de garantir que o ecossistema em torno do Reconhecimento Aberto floresça no futuro é construí-lo abertamente.
Confiando no Reconhecimento
Tanto a visão de curto como de longo prazo descrita aqui depende da evolução da confiança dentro das nossas redes. Felizmente, há mais de uma década, os tecnólogos têm trabalhado em padrões e métodos para ajudar as pessoas a verificar as suas competências através de afirmações e provas. Centenas de milhões de credenciais digitais baseadas em tecnologias compatíveis com padrões são emitidas todos os anos. Não estamos mais trabalhando na divulgação de como é ou poderia ser o credenciamento digital.
Anos atrás, precisávamos fazer com que as pessoas aceitassem a ideia das credenciais digitais como uma alternativa plausível às credenciais físicas. O que precisamos agora é de um ecossistema que valorize não apenas a reputação do emissor, mas também a história que o ganhador deseja contar sobre si mesmo . Como este ecossistema é construído sobre padrões abertos e cada vez mais sobre tecnologias abertas, estamos construindo confiança no credenciamento digital em grande escala.
Conclusão
Nada desta visão é gratuito, barato ou fácil. Na verdade, levou mais de uma década e milhões foram investidos em projetos de amplo alcance e em áreas problemáticas. Quando você está construindo uma alternativa para um sistema que foi construído antes da invenção da World Wide Web, pode levar algum tempo para convencer as pessoas de que uma maneira diferente é possível. Selos abertos, credenciais verificáveis ​​e as pessoas que constroem e fazem os projetos e o ecossistema em torno dessas tecnologias precisam de apoio para continuar avançando em um sistema projetado para nivelar o campo de atuação para alunos e ganhadores do dia a dia.

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