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O acesso das crianças à tecnologia pede cuidados

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O acesso das crianças à tecnologia pede cuidados

Semana passada, foi noticiado que a nova assistente de voz para aparelhos da Microsoft, Cortana, estava proibida de ter contato com crianças com menos de 13 anos nos Estados Unidos. Quem não deixa é o governo americano, através de sua Lei de Proteção da Privacidade Online da Criança (Coppa). A legislação restringe a coleta de informações de crianças sem a autorização dos pais, que é exatamente o que a Cortana faz para poder “conversar”.

A vulnerabilidade de crianças diante de potenciais perigos da internet motiva leis similares ao redor do mundo.

Hoje, quando se fala em crianças e tecnologia, as preocupações quase sempre giram em torno dos dados e do conteúdo. Mas, a julgar por sucessivos alertas de especialistas, talvez fosse uma boa ideia dar mais atenção para o próprio acesso a aparelhos como PCs, smartphones e tablets.

A Academia Americana de Pediatria, uma das maiores entidades de classe daquele país, diz que crianças entre 0 e 2 anos não deveriam ter nenhuma exposição à tecnologia. Para outras faixas etárias, os limites recomendados chegam a duas horas diárias apenas. Representantes da Sociedade Brasileira de Pediatria já fizeram eco às recomendações de seus colegas dos EUA, sugerindo que crianças não tenham TV ou computador dentro do quarto.

Poucos estão ouvindo. A ONG norte-americana Common Sense Media, especializada em questões da família, divulgou ano passado que 38% das crianças com menos de dois anos nos EUA já usam dispositivos móveis. Não há números para o Brasil, mas uma pesquisa recente da empresa de segurança AVG mostrou que 97% dos meninos e meninas entre 6 e 9 anos e que têm pais que acessam a internet também estão conectados. Mais: a média de horas que nossos pequenos passam no Facebook é o triplo da média mundial. Pode-se inferir portanto que as crianças brasileiras também são usuárias frequentes de aparelhos eletrônicos.

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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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O belo, o bom e o básico no Ensino Superior brasileiro em 2024

O belo, o bom e o básico no Ensino Superior brasileiro em 2024 | Inovação Educacional | Scoop.it

Por Luciano Sathler.

Muitas lideranças à frente de Instituições de Ensino Superior (IES) estão com dúvidas sobre o que fazer para enfrentar o cenário, que foi profundamente alterado nos últimos anos e, ao que tudo indica, terá sua transformação acelerada daqui para frente.

Muitos já desistiram. De 2018 a agosto de 2023, houve o descredenciamento voluntário de 245 Instituições de Ensino Superior (IES) e outros 79 processos desse tipo estavam em andamento junto ao MEC. 

Ao mesmo tempo, 700 novos pedidos de credenciamento institucional foram protocolados junto ao MEC, sendo 478 destes focados em Educação a Distância. Esses dados eu obtive junto ao Ministério da Educação, após uma consulta com base na Lei da Transparência. 

A julgar pelas notícias das novas IES que já conseguiram se credenciar, há um novo modelo nascente, com pouco ou nenhum capital imobilizado em imóveis, modelos pedagógicos inovadores e atuação em nichos, tais como negócios, tecnologia, agro ou economia criativa, por exemplo.

O BÁSICO 

Para quem quiser permanecer no segmento é urgente alcançar a máxima eficiência nas atividades-meio, com intensificação de uso da tecnologia para melhorar a experiência dos estudantes, suas famílias, as empresas e a comunidade que se relacionam com a IES. 

Finanças, contabilidade, gestão de espaços físicos, compras, marketing, captação e financiamento dos alunos são exemplos de processos e áreas que passaram por uma ampla profissionalização, especialmente após a ascensão dos grandes grupos consolidadores. 

Claro que a sustentabilidade econômico-financeira é a base para tanto, por isso trata-se de uma busca permanente adequar-se aos melhores indicadores de gestão.

O BOM 

Diante do acirramento do cenário competitivo, as Instituições de Ensino Superior (IES) que buscam se diferenciar e serem percebidas por melhor qualidade precisarão estabelecer fortes vínculos com a comunidade na qual se inserem, especialmente com o desenvolvimento de arquiteturas curriculares que permitam maior diálogo com o mundo do trabalho. 

Realizar a extensão universitária e a pesquisa aplicada intrinsecamente relacionadas ao ensino, numa trajetória marcada por certificações intermediárias e microcertificações que ressaltem as competências desenvolvidas ao longo do curso, com foco primordial no desenvolvimento regional.

As mudanças no mundo do trabalho pedem que os discentes sejam apoiados já durante os estudos para ampliar o sucesso da sua inserção profissional, para que atuem na mesma área de sua formação, tenham uma renda mais alta do que as pessoas que concluíram apenas o Ensino Médio e a capacidade de aprender sempre para manter a sua trabalhabilidade, um conceito que é mais amplo do que a empregabilidade. 

As carteiras digitais de competências, parte do movimento dos Learning Employment Records – LER, tornam-se algo a ser individualizado, pois armazenam e compartilham comprovações de experiências, estudos e trabalhos com segurança e interoperabilidade, para que a gestão algorítmica valorize os egressos ao longo da vida. 

As IES que quiserem ter perenidade precisarão colaborar com a maior sofisticação da matriz produtiva dos locais onde estão para gerar mais oportunidades de trabalho, especialmente de caráter empreendedor, o que vai ajudar que seus diplomas sejam também mais valorizados pela sociedade. 

Todas as IES precisam ter a sua própria estratégia para a EAD e o Ensino Híbrido, mesmo que seja para assumir um posicionamento fortemente calcado no presencial. Caso seja essa a opção, é preciso ressignificar os encontros síncronos no mesmo local, para que sejam mobilizados pelas metodologias ativas. 

O melhor é estabelecer um modelo próprio de EAD, ainda que como estratégia para blindar a sua região de influência aproveitando a força da marca e a presença de um campus bem estruturado. Ao ponto do estudante ser beneficiado com tudo de melhor que uma Instituição oferece no presencial, seja qual for a modalidade que escolha.

O BELO

As plataformas de inteligência artificial (IA) geradoras de imagens, textos, áudios, vídeos, avaliações de aprendizagem e capazes de criar agentes conversacionais que interagem com as pessoas são um fenômeno de crescente adoção nas Instituições de Ensino Superior (IES). 

Torna-se cada vez mais fácil, econômico e rápido criar, remixar ou atualizar recursos didáticos digitais com a utilização de IA, com pouca ou nenhuma intervenção humana. As empresas que trabalham com a oferta de conteúdos e os docentes enfrentarão desafios diante dessa realidade, a exemplo do que já está acontecendo com os roteiristas e atores do audiovisual, jornalistas e empresas de mídia, agências de propaganda e marketing, arquitetos, engenheiros, advogados, dentre outros setores que têm a informação como sua matéria-prima principal.  

Os tutores virtuais habilitados por IA se tornarão cada vez mais presentes na vida dos estudantes e de qualquer um interessado em aprender, seja algo oferecido pelas IES ou mesmo um assistente pessoal a fazer parte do cotidiano, Inteligência Artificial embarcada nos carros, aparelhos celulares, na televisão e até em outros eletrodomésticos. 

A tradução simultânea e a sincronização labial permitirão que a internacionalização seja uma possibilidade ao alcance de quaisquer IES, independentemente do porte ou localização. Professores e pesquisadores de outros países poderão interagir com estudantes no Brasil de forma síncrona ou assíncrona, com a mesma familiaridade que as videochamadas e a troca de mensagens instantâneas são praticadas hoje por ampla parcela da população. As fronteiras físicas se dissolvem e será comum concorrer com universidades mundialmente renomadas, com o fim da barreira da linguagem. 

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53% dos MEIs são empregados de outras empresas, sugere estudo

53% dos MEIs são empregados de outras empresas, sugere estudo | Inovação Educacional | Scoop.it

Mais da metade dos microempreendedores individuais (MEIs) no Brasil trabalha, na verdade, como empregados assalariados de outras empresas, segundo estudo. A mesma pesquisa aponta que a chamada pejotização poderia ser reduzida com medidas como redução dos encargos trabalhistas sobre a folha de pagamento.
O trabalho de Bruna Alvarez Mirelli, pesquisadora da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), sugere que 53% dos MEIs não são microempreendedores “de verdade”, indicando problemas no desenho do programa, que acabam gerando incentivos como o da pejotização e também perdas, sobretudo para a Previdência.
O levantamento usa dados de 2008 a 2019, período em que foram criados mais de 9 milhões de MEIs (quase 70% do total dos CNPJs no país). Para chegar ao resultado, a pesquisadora, mostrou primeiro que o MEI e contratos CLT efetivamente competiam pela preferência das empresas na hora de contratar. Para isso, olhou como a proximidade com antenas 3G afetou a criação de MEIs entre 2008 e 2011, período em que passou a ser possível fazer o registro via internet.
“Ter acesso à internet é essencial para o microempreendedor. Ele vai precisar dela para registrar a empresa, emitir o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) que paga todo mês e também as notas fiscais de cada serviço”, explica a economista.
Os resultados ainda relacionam a facilidade para abrir uma MEI ao comportamento das empresas. Firmas localizadas em regiões mais distantes das antenas acabavam contratando mais empregados sob o regime CLT em comparação com as instaladas mais perto do equipamento.
Mirelli, no entanto, observa que o efeito de diminuição de contratos CLT e crescimento do MEI pode também indicar um aumento do empreendedorismo, que é está dentro do escopo original do programa. “Não é possível dizer, apenas com esse exercício, se essas pessoas partiram para a pejotização”, salienta.
Para entender qual das duas alternativas as pessoas seguiam, a pesquisadora construiu um modelo de equilíbrio geral em que a as pessoas escolhem se tornar empregado com carteira assinada, pejota, microempreendedor ou empresa do setor formal, e alimentou esses modelos com dados da Rais, do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e do Censo de 2010. Replicando como esse modelo se adapta às informações da economia real, como a distribuição dos trabalhadores nas firmas ao longo do tempo, ele encontra que 53% dos que optam pelo MEI optam pela ilegalidade, enquanto 47% se tornam microempreendedores “de verdade”.
“Com base nos resultados, acredito que o custo do trabalhador CLT é um fator importante. A redução desses custos seria boa medida para ajudar a diminuir essas ilegalidades relacionadas ao mercado de trabalho”, diz.
Outros trabalhos recentes também apontam para problemas no desenho do MEI, criado em 2008 com o objetivo de trazer à formalidade a parcela mais vulnerável da população - pessoas que atuam como autônomos ou em pequenos empreendimentos. Ele permite que elas contribuam à Previdência e acessem benefícios como aposentadoria - limitada a um salário mínimo -, auxílio-doença e pensão por morte.
Estudo recente de pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre) mostrou que o MEI responde por quase que todo o crescimento do número CNPJs no Brasil, de 750,2 mil em 2009 para 3,9 milhões em 2023. Olhando apenas para 2021, ano em que houve um pico na criação de MEIs - eles mostraram que 63% deles haviam sido demitidos de um emprego formal. Dentro desse grupo, apenas 22,6% dos desligamentos foram a pedido do trabalhador.
Outro estudo do Ibre, de 2022, mostrou que 31,3% dos MEIs tinham ensino superior completo, proporção muito acima da média nacional, de 15,7%. Já aqueles sem instrução ou com fundamental incompleto - o público-alvo do programa - eram apenas 13,4%. Ao mesmo tempo, analisando pela ótica da renda, os pesquisadores encontraram que 56,4% dos MEI ganhava mais do que dois salários mínimos no terceiro trimestre de 2022, porcentagem maior que a do universo dos empregados com carteira (32,1%).
“Essa explosão de abertura de MEIs pode parecer um salto do empreendedorismo, mas na realidade é apenas uma forma diferente de inserção no mercado de trabalho, mais barata e atrativa. E com o agravante de que contém grande subsídio à Previdência, que um dia precisará ser pago”, diz Fernando de Holanda Barbosa, pesquisador do Ibre.
Pelo foco na população vulnerável, o programa tem alto subsídio do governo. No caso da contribuição ao INSS, ela é limitada a 5% do salário mínimo para o MEI (R$ 70,60 em 2024). Já o trabalhador com carteira assinada do salário mínimo para a Previdência contribui com até 34% salário, divididos entre empregado (7,5% a 14%) e patrão (20%).
A grande diferença entre as contribuições contribui para pressionar a Previdência. Estimativa do especialista em previdência Rogério Nagamine Constanzi prevê que o déficit atuarial dos MEIs pode atingir R$ 1,4 trilhão no futuro. Em suas contas, os MEIs representam cerca de 10% dos contribuintes do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), mas na arrecadação essa participação é de apenas 1%.
“Vale lembrar que uma contribuição em torno de 30% é justamente a que faz a Previdência atuarialmente sustentável ao longo do tempo. Se houvesse uma migração total para o MEI, ele não seria solvente”, ressalta Barbosa, do Ibre. “Por ser uma modalidade relativamente nova, ela ainda não teve efeito sobre o pagamento de aposentadorias. Mas este custo vai chegar.”
O estudo de Mirelle também emulou quatro cenários contrafactuais com medidas para reduzir a pejotização: eliminar o MEI, eliminar a pejotização, elevar a fiscalização e reduzir os encargos trabalhistas. Todos eles resultam em um acréscimo do bem-estar - aqui entendido como a soma de lucros, salários e impostos pagos. Destes, no entanto, o último, uma redução de 20% da tributação sobre a folha de pagamento, obteve os melhores resultados. A medida, no entanto, promove uma queda apenas marginal do número total de MEIs na economia, de 61,5% para 60,9%. E, embora o número de pejotizados no mercado de trabalho caia de 33% para 32,4%, sua proporção dentro do universo de MEIs sobe de 53% para 54%.
Diferentemente dos demais cenários, também há um aumento do salário tanto dos trabalhadores CLT (2,4%) quanto dos pejotizados (4,9%).
“À medida que se reduz o imposto sobre a folha de pagamentos, isso eleva um aumento na demanda por esses trabalhadores e, assim, seus salários. Com isso, parte dos MEIs que antes eram empreendedores ou pejotizados passa ao trabalho com carteira”, explica Mirelli. “Com menos MEIs pejotizados na economia, o salário ofertado a eles aumenta e isso equilibra a proporção de MEIs escolhendo ser pejotizado.”
Para a pesquisadora, os resultados também deixam a pergunta sobre se o regime pejotizado não representa uma nova estrutura no mercado de trabalho, ainda que ilegal. “A pejotização é ruim no sentido de direitos trabalhistas mas, talvez ainda mais depois da pandemia, as pessoas podem estar mais dispostas a aceitar esse tipo de arranjo, que traz mais liberdade em termos de jornada de trabalho, menor burocracia na relação com a empresa.”

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ESPM lança microcertificações no curso de jornalismo 

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Estudantes poderão se especializar em áreas como inteligência artificial, esporte e comunicação corporativa.
A ESPM divulgou, no início deste mês, o lançamento de microcertificações na graduação de jornalismo. Estudantes do curso poderão complementar sua formação com disciplinas focadas em cinco áreas: jornalismo esportivo, inteligência artificial, influenciadores digitais, cobertura do meio ambiente e comunicação organizacional.
A instituição oferece, além da formação básica em jornalismo —em acordo com os conteúdos e carga horária previstos nas diretrizes nacionais curriculares—, a opção de cursos complementares com carga horária de 324 horas sem acréscimo na mensalidade.
Para Maria Elisabete Antonioli, coordenadora do curso de jornalismo da ESPM, a microcertificação desempenha um papel fundamental diante de um mercado de trabalho em constante transformação. "São possibilidades em campos dinâmicos e inovadores, nos quais as habilidades e tecnologias necessárias podem se alterar", afirma.
Na microcertificação em jornalismo de esportes e e-sports, são abordados conteúdos em diferentes plataformas e as estratégias narrativas usadas em cada uma delas.
A formação em jornalismo e inteligência artificial explora as aplicações da IA, bem como seus desafios legais.
A microcertificação em jornalismo e influenciadores digitais tem como objetivo formar jornalistas preparados para atuar como influencers e dominar as narrativas digitais.
Estudantes que optem pelo curso em jornalismo e cobertura do meio ambiente serão apresentados a conceitos e práticas relacionadas a mudanças climáticas, conservação da biodiversidade, poluição e seus impactos humanitários.
Já a formação em comunicação, mídia e organizações oferece disciplinas sobre técnicas e práticas da comunicação em ambientes corporativos.

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A inteligência artificial pode aumentar a eficiência dos serviços de saúde?

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Se você quiser ver uma estrutura de proteína super sofisticada, peça a uma inteligência artificial. Se você precisar muito de um aparelho de fax, tente um consultório médico. Ele vai estar em algum canto, debaixo de uma prancheta com um monte de formulários de papel. Não acontece com todos os médicos, nem com todos os sistemas de saúde, mas acontece o suficiente para abrir um sorriso irônico em muita gente: a transformação digital do setor tem sido, na melhor das hipóteses, irregular.

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Os economistas acham que a tecnologia tem sido responsável por algo entre 25% e 50% do crescimento das despesas com saúde nos países da OCDE ao longo dos últimos 50 anos – crescimento que tem visto a cota do setor no PIB crescer implacavelmente. Em muitos desses países, a tecnologia conseguiu muito. E, no entanto, após décadas de esforços dispendiosos, ainda são muitas as histórias de sistemas de incompatíveis, violações de confidencialidade e registros em papel que precisam ser mantidos em paralelo com registros de saúde eletrônicos. Existe algum motivo para pensar que a IA realmente vai resolver tudo isso?

Existe. E isso se deve, pelo menos em parte, à dimensão do problema. Os Estados Unidos gastaram 4,5 trilhões de dólares em cuidados de saúde em 2022, consideravelmente mais do que seria esperado em países semelhantes, e os custos administrativos representaram 30% do excedente. Oportunidades de trilhões de dólares podem atrair a atenção de empresas muito grandes, como os gigantes da tecnologia americanos. E essas empresas pensam que seus grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês) e outros grandes sistemas de aprendizagem auto-supervisionada oferecem novas ferramentas particularmente adaptadas para a tarefa.

O fato de as maiores empresas da IA verem a assistência médica como um lugar para competir é um verdadeiro motivo de otimismo.

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Para tirar o máximo de proveito da inteligência artificial nos serviços de saúde, as instituições precisam mudar bastante.  Foto: Timo Lenzen/The Economist
Entre os empreendimentos de saúde do Google está o Med-Palm2, um LLM específico que está sendo desenvolvido para responder a perguntas sobre cuidados médicos e resumir informações durante transferências de pacientes ou mudanças de turno de equipe. O investimento da Amazon na Anthropic, que fornece um assistente de IA chamado Claude, teve como um dos objetivos reforçar o que a empresa pode oferecer em cuidados de saúde. Os gigantes chineses também estão interessados. Em 2022, um relatório da consultoria McKinsey argumentou que o uso de IA para prever resultados de diagnóstico e embasar decisões clínicas poderia criar cerca de 5 bilhões de dólares em valor econômico na China.

E então vem a Microsoft, a empresa de tecnologia mais interessada no crescimento por meio de aquisições. Em 2021, a Microsoft pagou 19,7 bilhões de dólares pela Nuance, empresa que tem sede em Burlington, Massachusetts, e fabrica uma IA que ajuda os médicos em tarefas administrativas, como anotações clínicas e registros de saúde eletrônicos.


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A transcrição de voz por IA oferecida pela Nuance e outras empresas, como o Healthscribe da Amazon, é outro grande negócio. Harpreet Sood, médico que foi diretor de informações clínicas do NHS, o sistema de saúde pública do Reino Unido, diz que a tecnologia mudou tudo para ele. Ela economiza de quatro a seis minutos por paciente, o que significa duas a três horas por dia. Seus pacientes notaram que agora ele olha mais para eles e menos para a tela – o que é melhor para todo mundo.

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Evolução sem fim
Existem muitos outros caminhos para aumentar a eficiência – sobretudo nos Estados Unidos, que não é apenas o maior mercado para cuidados de saúde do mundo, mas também um mercado particularmente ineficiente.

Uma forma bem conhecida de tentar melhorar a eficiência e os resultados é a criação de “centros de comando” hospitalares. É algo como um sistema de controle de tráfego aéreo em que um painel de telas fornece informações atualizadas sobre métricas importantes, como disponibilidade de leitos, uso de recursos e status dos pacientes em todo o hospital. Partes desse conjunto são replicadas em tablets e dispositivos móveis usados pelas equipes das enfermarias. Esses sistemas não apenas conseguem ver os problemas à medida que eles acontecem, mas também podem antecipar os gargalos que virão.

Esses sistemas agora estão em mais de 200 hospitais do mundo todo. O centro de comando do Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, agilizou a transferência de pacientes entre locais em 60%, reduziu o tempo de espera para tratamento de emergência em 25% e diminuiu o tempo em leitos pós-cirúrgicos em 70%. O Hospital Geral de Tampa relatou um ganho de eficiência no valor de US$ 40 milhões desde o lançamento de um centro de comando que usa 20 aplicativos de IA.

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Outra visão do futuro impulsionada pela IA passa por manter as pessoas fora dos hospitais – ou, vendo pelo outro lado, levar os hospitais até às pessoas. O Reino Unido, que tem um número relativamente baixo de leitos hospitalares, tem se mostrado ávido em adotar “enfermarias virtuais”, que permitem que os pacientes sejam transferidos do hospital para se recuperarem em casa com a ajuda de dispositivos de monitoramento, como um tablet ou um medidor de pressão arterial. Em 2023, o Reino Unido atingiu 10 mil leitos em enfermarias virtuais. Até o momento, esses sistemas não apresentam tantos benefícios quanto poderiam. Um estudo recente concluiu que são mais caros do que o tratamento hospitalar. Mas as IAs podem ajudar.

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A Doccla, uma das várias empresas britânicas de tecnologia de enfermarias virtuais, afirma que está trabalhando para integrar os LLMs a seu fluxo de trabalho clínico. A ideia é reunir dados de dispositivos vestíveis, registros de pacientes e transcrições de chamadas em um sistema que forneça um “copiloto” que possa manter o prestador de cuidados de saúde informado sobre o que está acontecendo com os pacientes. Essas capacidades vão ajudar não apenas nas enfermarias virtuais, mas em todo o sistema. A expectativa é que elas permitam que os médicos recebam informações vitais que talvez estejam ocultas à primeira vista.

Mas, para que isso aconteça, os sistemas terão de se adaptar, o que pode ser difícil. Robert Wachter, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e Erik Brynjolfsson, de Stanford, argumentaram que os seres humanos geralmente são incapazes de implementar as mudanças profundas na “estrutura organizacional, na liderança, na força de trabalho ou no fluxo de trabalho que são necessárias para aproveitar todas as vantagens das novas tecnologias, pelo menos no começo”.

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Vejamos, por exemplo, a descentralização da assistência médica. Como a IA promove uma melhoria na tomada de decisão, sua tendência provavelmente será afastar os cuidados do centro e direcioná-los para as margens: possibilitar mais diagnósticos na clínica geral, talvez por meio de instrumentos mais inteligentes; transferir algumas decisões para as farmácias; aumentar o acesso dos pacientes ao aconselhamento e acompanhamento em casa. Mas os pacientes muitas vezes têm certas expectativas sobre consultar um médico pessoalmente ou ter um hospital por perto.

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Pode ser que os países que ainda estão desenvolvendo seus sistemas de saúde tenham mais chance de “reimaginar o trabalho” do que aqueles onde as instituições e os pacientes já estão acostumados com seu jeito de fazer as coisas. O Dr. Sood acha que os países com infraestruturas de saúde menos estabelecidas, mas com boa conectividade digital, podem liderar o caminho da IA – e aponta para a Índia, o Quênia e a Indonésia. Estas nações talvez sejam mais capazes de construir seus sistemas em torno da tecnologia que os pacientes já utilizam, por exemplo prestando cuidados em plataformas como o WhatsApp.

Não se deve considerar, porém, o que a IA oferece em termos de eficiência seja coisa garantida. Com certeza haverá projetos prometendo demais e cobrando demais. E haverá uma necessidade constante de avaliação, supervisão e atualização. Não é só que as IAs possam “alucinar”. Algumas das vantagens que as empresas querem que seus sistemas ofereçam – como mantê-los a par das pesquisas de uma forma que os médicos muitas vezes não conseguem – exigem que os sistemas mudem ao longo do tempo, o que significa reciclagem e recertificação para garantir a eficácia e a segurança.

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Mas, mesmo que as atualizações e mudanças constantes tragam desafios, sua vantagem é evidente. E as mudanças que as instituições precisam fazer para se adaptarem às novas tecnologias vão ficar mais fáceis se essas tecnologias também puderem mudar. Essa capacidade de impulsionar e facilitar mudanças é uma das grandes vantagens que a IA deve, no seu melhor, ser capaz de oferecer.

Nenhuma dessas vantagens virá sem dificuldades. Tirar o máximo da IA vai exigir que as instituições que têm dificuldade com mudanças de fato mudem bastante. Será preciso colocar os reguladores sob a devida pressão para garantir a segurança diante de novos desafios em termos do escopo da tecnologia e da velocidade com que ela muda. E serão necessários incentivos econômicos que concretizem o potencial da tecnologia para poupar custos e vidas. Mas, se as pessoas conseguirem fazer essas mudanças e reformas, as máquinas vão retribuir generosamente.
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Inteligência artificial vai tornar os cuidados de saúde melhores e mais seguros

Quando alguém estabelece metas ambiciosas demais, a ponto de parecem tolice, os sensatos zombam. E geralmente têm razão em fazê-lo. Mas às vezes vale a pena cogitar a possibilidade de que até mesmo a aspiração mais chocante possa ser alcançada.


Promessas e progressos relacionados à inteligência artificial são um mero prelúdio para o que está por vir agora. Foto: Timo Lenzen/The Economist
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Em 2015, Priscilla Chan, pediatra, e seu marido, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, criaram a Iniciativa Chan Zuckerberg (CZI, na sigla em inglês) com o objetivo de ajudar a ciência a construir um mundo onde todas as doenças pudessem ser prevenidas, curadas ou controladas. Para a surpresa de ninguém, o empreendimento se centrava na tecnologia. Mas foi só em 2020 que os relatórios anuais de Chan-Zuckerberg começaram a falar sobre o potencial da inteligência artificial (IA). Quatro anos depois, é difícil imaginar alguém que não a esteja colocando em primeiro plano para alcançar seus objetivos.

A proporção de artigos sobre pesquisa biomédica que invocam a inteligência artificial vinha crescendo exponencialmente muito antes de o campo começar a deslumbrar o mundo com os “modelos de base”, como os vários GPTs (na sigla em inglês, transformadores generativos pré-treinados) da Openai, o Llama da Meta e o Gemini do Google (veja o gráfico abaixo).

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Dadas as vastas quantidades de dados que a pesquisa biomédica produz, a aplicação de IA não chega a ser uma surpresa. Esse progresso e essas promessas, porém, são um mero prelúdio para o que está por vir agora.


Sistemas de inteligência artificial semelhantes aos modelos de base e aos grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) – que geram textos coerentes em todos os estilos, respondem a perguntas complexas de forma bastante convincente e criam imagens que capturam ideias expressas em instruções verbais – cada vez mais fazem parte dos serviços de assistência médica.

Eles têm aplicações em quase todas as áreas: podem melhorar as escolhas que os pesquisadores fazem sobre como exatamente editar genes; são extraordinariamente bons em processar grandes quantidades de dados de fontes distintas; podem sugerir novos alvos para o desenvolvimento de remédios e inventar moléculas que possam funcionar como medicamentos. A própria CZI agora está trabalhando na construção de uma “célula virtual” movida a IA, com a qual espera revolucionar todo tipo de pesquisa biomédica.


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Os efeitos não se restringem aos laboratórios. Vários tipos de diagnóstico nos quais a IA tem um papel importante parecem prontos para serem transformados. Os cirurgiões robôs estão assumindo uma gama cada vez maior de operações. A maneira como os pacientes acessam informações de saúde e se motivam para seguir tratamentos também parece prestes a ser repensada, à medida que chatbots e monitores de saúde vestíveis aprendem a trabalhar juntos. E é bem provável que a produtividade dos sistemas de saúde vá melhorar significativamente.

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Os países mais pobres talvez tenham mais a ganhar. Uma geração anterior de IA já está surtindo efeitos nos cuidados de saúde desses lugares. Uma vantagem é que ela pode aumentar muito a capacidade de equipamentos bastante modestos, permitindo que sejam usados de forma mais ampla e fora das clínicas. Estetoscópios inteligentes ajudam os usuários a identificar detalhes importantes, celulares podem ser transformados em “tricorders” que medem a frequência cardíaca, a temperatura, a respiração e a saturação de oxigênio no sangue, tudo de uma vez. Fornecer orientação confiável para profissionais de saúde do mundo todo, em seu idioma nativo, é um avanço direto e revolucionário.

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Se essas ferramentas forem mais disseminadas e se os sistemas de saúde forem remodelados para tirar o máximo delas, a prestação de cuidados de saúde vai ficar muito melhor. Será uma oportunidade para melhorar a vida de centenas de milhões ou mesmo bilhões de pessoas.

Alguns veem não apenas um avanço humanitário, mas também um avanço epistemológico: um tipo totalmente novo de conhecimento. A inteligência artificial pode encontrar associações e conexões em conjuntos de dados díspares, vastos e complicados demais para os humanos, sem precisar de modelos pré-existentes sobre que tipos de causas têm que tipos de efeitos. Demis Hassabis, um dos fundadores da DeepMind, uma potência de IA que agora faz parte do Google, acredita que essa capacidade vai mudar a maneira como os humanos entendem a vida em si.

Existem algumas ressalvas. Os modelos de base que alimentam tecnologias “generativas” como o ChatGPT têm desvantagens sérias. Quer você chame de alucinação, como os pesquisadores costumavam chamar, ou de confabulação, como eles preferem agora, esses modelos inventam coisas. Assim como acontece com a maioria das IA, se você as treinar com dados ruins ou inconsistentes, os resultados vão ficar aquém do esperado.

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Se os dados forem tendenciosos, como muitas vezes acontece com os dados de saúde (geralmente, é mais difícil obter dados bons sobre minorias, grupos de baixa renda e populações marginalizadas), os resultados não vão servir à população como um todo tão bem quanto deveriam e poderão até ser prejudiciais para os grupos sub-representados.

A natureza “não determinística” dos modelos (eles nem sempre respondem da mesma forma ao mesmo estímulo) levanta problemas filosóficos e práticos para os responsáveis pela regulamentação dos dispositivos médicos. Termômetros e medidores de pressão arterial refletem a realidade de um jeito muito mais simples e direto.

Nada disso está impedindo o rápido crescimento do mercado de produtos e serviços de IA no campo da saúde. As grandes empresas de IA vêm demonstrando grande interesse em contratar especialistas em saúde; as empresas de saúde estão comprando IA. A Research and Markets, uma empresa de análise, calcula que em 2023 o mundo da saúde gastou cerca de US$ 13 bilhões em hardwares relacionados à IA (como chips e dispositivos de processamento especializados) e em softwares que fornecem diagnósticos, análises de imagens, monitoramento remoto de pacientes e muito mais.

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A previsão é de que esse número atinja US$ 47 bilhões até 2028. Analistas da CB Insights calculam que os investidores transferiram a impressionante quantia de US$ 31,5 bilhões em financiamento de capital para IA de saúde entre 2019 e 2022. Dos 1.500 fornecedores de IA para saúde, mais da metade foi fundada nos últimos sete anos.

A digitalização da assistência médica também teve sua cota de desilusões caras. Mas existe uma possibilidade concreta de a IA corresponder à parte das esperanças nela depositadas. Interfaces mais simples devem deixar os sistemas de IA mais úteis e intuitivos para médicos, pacientes e prestadores de cuidados de saúde. E os sistemas de saúde necessitam urgentemente de um aumento de produtividade se quiserem se adaptar e melhorar em um mundo de custos elevados e de populações mais idosas.

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Prevê-se que a escassez de profissionais de saúde chegue a quase 10 milhões até 2030 – cerca de 15% de toda a força de trabalho atual no mundo inteiro. A inteligência artificial não vai resolver esse problema sozinha. Mas pode ajudar.

Esta série de reportagens vai analisar quatro das formas sob as quais essa ajuda pode vir. A IA já ajuda médicos a fazerem diagnósticos – um auxílio dolorosamente necessário, dado que 800 mil americanos morrem ou ficam incapacitados todos os anos por causa de más decisões médicas. E também ajuda pacientes que querem compreender seus sintomas ou que precisam de assistência e motivação para se manterem saudáveis. As ferramentas de pesquisa e manuseio de dados ajudam empresas que tentam desenvolver novos tratamentos de forma mais rápida e confiável. E a IA ainda ajuda ao sistema como um todo.

Os sistemas de saúde de hoje estão drasticamente limitados pela escassez de trabalhadores e de conhecimento. A inteligência artificial pode fornecer um apoio significativo em ambas as frentes – e esse apoio pode ser transformador. Será que tal transformação vai fazer com que, até 2100, todas as doenças sejam prevenidas, curadas ou controladas? A IA não vai fazer tudo isso sozinha. Mas está fazendo com que esse objetivo aparentemente presunçoso pareça mais provável.

Os debates sobre o impacto da IA estão repletos de medo e inquietação, às vezes por bons motivos. O que ela oferece para a saúde de todo o mundo representa um potencial radical para o bem – e para sempre.
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Copilot: 12 funções que tornam o assistente de IA da Microsoft mais útil que o ChatGPT

Copilot: 12 funções que tornam o assistente de IA da Microsoft mais útil que o ChatGPT | Inovação Educacional | Scoop.it

Lançado em 2023, o Copilot, assistente de chatbot baseado em inteligência artificial (IA) da Microsoft, foi um dos primeiros a fazer uma integração de diferentes produtos, como o sistema operacional Windows 11, o navegador Edge e a suite de produtividade Microsoft Office. A tendência vem se espalhando entre as big techs, com a Meta preparando terreno para sua Meta AI no WhatsApp, Messenger e Instagram e o Google integrando seus serviços e seu próprio navegador, o Chrome, ao Gemini.
Tal como o ChatGPT, há muitas formas de utilizar o chatbot da Microsoft, algumas mais óbvias que outras, como pedir informações sobre determinado assunto e solicitar ajuda para escrever um texto. Contudo, existem diferenças cruciais entre as IAs e conhecê-las pode tornar seu trabalho mais ágil e preciso.

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IA da Microsoft dá ‘vida’ a fotos estáticas de humanos em tempo real; veja vídeo

IA da Microsoft dá ‘vida’ a fotos estáticas de humanos em tempo real; veja vídeo | Inovação Educacional | Scoop.it

Uma equipe de pesquisadores da Microsoft Research Lab, em Pequim, na China, apresentou o VASA-1, um novo modelo de inteligência artificial (IA) capaz de gerar vídeos realistas em tempo real de rostos humanos a partir de uma única foto e clipe de áudio. O resultado são vídeos curtos que dão à imagem estática movimentos, expressões faciais e sincronia labial extremamente convincentes, capazes de enganar um espectador menos atento.
A tecnologia também é capaz de animar imagens artísticas, como personagens fictícios e obras de arte, além de gerar falas em qualquer idioma e até mesmo cantorias. Para a geração de fala, é preciso incluir um clipe de áudio da voz desejada (que pode ser do indivíduo da foto ou não).

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Os dados surpreendentes por trás das pessoas com mais de 100 anos | Eu &

Os dados surpreendentes por trás das pessoas com mais de 100 anos | Eu & | Inovação Educacional | Scoop.it

Não. No Reino Unido, Itália, França e Japão, Newman conclui que em vez disso essa “longevidade admirável é [...] prognosticada pela pobreza regional, pobreza na velhice, privação material, baixa renda, altas taxas de criminalidade, região de nascimento remota, piores condições de saúde”. Você leu isso mesmo. Todos são fatores associados à pior saúde da população e à menor probabilidade de se chegar aos 90 anos.
Parece que os mesmos ambientes menos propícios à saúde são os lugares onde surgem pessoas que afirmam ter uma longevidade surpreendente. Tower Hamlets — em vários aspectos o bairro mais carente de Londres — também apresenta a maior proporção de supercentenários.

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Grupo defende olhar sistêmico na filantropia

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A filantropia carrega um papel fundamental no desenvolvimento do país, e o Brasil tem potencial muito maior para destravar esses recursos. A avaliação é de Cassio França, secretário-geral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), referência nacional em fortalecimento da filantropia e investimento social privado, escolhido para liderar o grupo de trabalho Filantropia e Desenvolvimento Sustentável no G20.
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Mudança climática pode levar mais de 3 milhões de brasileiros à pobreza

Mudança climática pode levar mais de 3 milhões de brasileiros à pobreza | Inovação Educacional | Scoop.it
Os eventos de clima extremo podem colocar de 800 mil a 3 milhões de brasileiros na pobreza, segundo o Relatório sobre Clima e Desenvolvimento para o Brasil, divulgado em maio de 2023 pelo Banco Mundial - globalmente, esse número pode chegar a 3 bilhões de pessoas.
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Internet está dominada pela inteligência artificial 

Internet está dominada pela inteligência artificial  | Inovação Educacional | Scoop.it

A rede que conectava pessoas e armazenava o conhecimento humano não existe mais; está dominada pela inteligência artificial
Nos últimos anos está ganhando força a hipótese de que a internet morreu e só esquecemos de enterrar. A rede que conectava pessoas e armazenava o conhecimento humano não existe mais de acordo com essa teoria. Ou, ao menos, está sendo substituída por uma rede composta por máquinas que falam entre si e conteúdos gerados automaticamente por inteligência artificial.
Por muito tempo essa ideia foi tratada como teoria da conspiração: um alarmismo longe da realidade. No entanto, os sinais de que há algo de podre no reino da internet estão se tornando mais frequentes. Vejamos alguns.
Hoje, 47,4% de todo o tráfego na rede é gerado por robôs. Sabe aquelas preciosas visualizações que o seu post alcançou na sua rede social favorita? Pois é, metade delas são provavelmente visualizações fake, feitas por robôs.
E o pior, 30% são robôs maliciosos, atuando com a intenção de copiar informações ou fazer ataques. Vários são capazes de imitar o humano, se tornando indetectáveis. Enquanto isso, o acesso realmente humano cai a cada ano. De 2021 a 2022, a queda foi de 5,1%. Se a tendência continuar, em breve a internet será terra de ninguém, ou melhor, terra de robôs.
Outro elemento indicativo da morte em curso da rede é a invasão de conteúdo criado por inteligência artificial. Um estudo do Instituto de Estudos do Futuro de Copenhague prevê que 99% do conteúdo que será postado na internet em 5 anos será gerado por inteligência artificial. Ou seja, só 1% será feito por humanos.
Não precisa nem esperar tanto tempo. Em postagem oficial, o Google mencionou no mês passado que está tomando providências contra conteúdos que "parecem criados para [enganar] os mecanismos de buscas, em vez de para pessoas". Por conta disso, muita gente vem adotando uma prática inusitada. Colocar o comando "Before: 2023" nas buscas.
A alegação é que buscar por conteúdos "antes de 2023" gera resultados melhores. Justamente por causa da quantidade de lixo criado por inteligência artificial que vem sendo postado nos últimos 18 meses, já interferindo no ranking das buscas.
Até para encontrar um par romântico a internet está morrendo. Pesquisa da McAfee feita na Índia mostrou que 77% dos usuários de aplicativos de relacionamento já se depararam com perfis feitos por inteligência artificial, inclusive nas fotos. Além disso, 26% dos usuários alegam ter descoberto que estavam conversando com uma inteligência artificial, em vez de uma pessoa real, em sites de paquera.
Outro problema familiar é o uso de robôs em campanhas eleitorais. As eleições deste ano são as primeiras em que a inteligência artificial generativa estará em pleno curso. Dá para esperar novidades nesse campo.
Se tudo continuar assim, é possível que nossa geração terá sido a única a viver o tempo em que a internet era feita por pessoas. Para as gerações futuras, mais acostumadas com robôs do que a gente, essa ideia poderá parecer antiquada ou até grotesca: uma internet humana como um cobertor feito de retalhos, esquecido em algum canto mofado do passado.
Já era – Não pensar na regulação da inteligência artificial
Já é – Pensar em regular IA por meio de modelos de risco
Já vem – Pensar em regular IA por meio de modelos antitruste

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'As canetas ficaram cheias d'água', diz aluna pós-enchente

'As canetas ficaram cheias d'água', diz aluna pós-enchente | Inovação Educacional | Scoop.it
Quase dois anos depois de ter a casa alagada, jovem pernambucana conta como conseguiu ser aprovada em vestibular da Universidade Federal de Pernambuco
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Greve expõe distorções nas universidades

Greve expõe distorções nas universidades | Inovação Educacional | Scoop.it

Governo tem gasto elevado no ensino superior, mas recursos são engessados e corporativismo abafa debate sobre cobrança
Greves de professores foram corriqueiras por décadas nas universidades federais. O sindicato da categoria conta 21 delas entre 1980 e 2016, o que corresponde a mais de uma a cada dois anos. Sete se prolongaram por mais de 100 dias.
Chama a atenção a inexistência de movimentos do tipo sob Jair Bolsonaro (PL), o que provavelmente se deveu ao temor compreensível de represálias por parte de um governo ideologicamente hostil à academia. Fato é que os docentes voltaram a cruzar os braços neste 2024 em grande parte das instituições federais de ensino.
É notável o contraste entre essa insatisfação crônica —que vai de salários a verbas para custeio e investimentos— e o elevado gasto governamental no setor.
Segundo os dados mais recentes da OCDE, que reúne países mais desenvolvidos, a despesa anual por aluno nas universidades públicas do Brasil chega a US$ 14.735, bem próxima à média da entidade, de US$ 14.839, em valores ajustados pelo poder de compra das moedas.
O Orçamento da União destina neste ano R$ 64 bilhões a 69 universidades e seus hospitais. Trata-se de um aparato que passou por grande expansão em administrações petistas anteriores, a ponto de seus professores e técnicos administrativos somarem hoje mais da metade dos servidores civis do Poder Executivo federal (237,2 mil de um total de 443,5 mil).
Esse gigantismo amplifica distorções de um modelo custoso, de baixo incentivo à eficiência e socialmente injusto ao beneficiar estratos mais ricos da sociedade.
Os problemas mais visíveis começam pelo engessamento dos recursos. Tome-se por exemplo a UFRJ, a maior das federais: de sua dotação de R$ 3,736 bilhões neste ano, R$ 3,159 bilhões (84,6%) são despesas obrigatórias com pessoal —e destas, R$ 1,331 bilhão vai para aposentados e pensionistas.
Com o alcance exagerado da estabilidade no serviço público, nem mesmo é possível demitir por mau desempenho nas instituições. Privilégios previdenciários dos servidores, embora reduzidos em reformas dos últimos anos, ainda vão onerar a rede por muito tempo. Sobra pouco para despesas administrativas, obras e equipamentos.
As universidades públicas ganhariam não só com uma política de pessoal mais flexível mas também com um sistema de financiamento que incorporasse recursos privados, em particular dos estudantes mais abonados. Faz falta ainda uma avaliação mais rigorosa do aprendizado.
Esse debate é rechaçado pelo corporativismo acadêmico, que aposta tudo na pressão sindical. Assim não haverá dinheiro que baste.

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Limite de EaD, quem será afetado e foco na disciplina escolar: saiba o que pode mudar nos cursos de licenciatura

Limite de EaD, quem será afetado e foco na disciplina escolar: saiba o que pode mudar nos cursos de licenciatura | Inovação Educacional | Scoop.it

O parecer cria quatro grupos de atividades:
1 - O núcleo Estudos de Formação é composto pelos conhecimentos científicos, educacionais e pedagógicos que fundamentam a compreensão do fenômeno educativo e da educação escolar, como filosofia da educação, ética, avaliação, entre outros. Ele terá pelo menos 880 horas.
2 - O núcleo Aprendizagem e Aprofundamento dos Conteúdos Específicos das áreas de atuação profissional é composto pelos conteúdos específicos das disciplinas de cada licenciatura. Ou seja, uma imersão no currículo escolar que esse futuro professor vai ensinar em sua sala de aula. São 1,6 mil horas.
3 - O núcleo Atividades Acadêmicas de Extensão nas instituições de educação básica. São atividades culturais, comunitárias, de iniciação científica, tecnológica, entre outras. Está destinado 320 horas.
4 - O núcleo de Estágio Curricular Supervisionado, que é quando o aluno de licenciatura vai para a escola aprender a prática da profissão. São 400 horas para essa atividade.
A maior novidade dessa divisão é o maior foco no núcleo 2, de Aprendizagem e Aprofundamento dos Conteúdos Específicos das áreas de atuação profissional.
Atualmente, a formação de professores tem 2,2 mil horas para esses conteúdos e para o que agora passou a ser chamado de Estudos de Formação, o núcleo 1. A atual estrutura também tem 400 horas para estágio e outras 600 horas para diferentes práticas.
Ensino à distância
O parecer define que o estágio, as atividades de extensão e pelo menos 880 horas do segundo núcleo, de conteúdos específicos das licenciaturas, precisam ser feitos presencialmente. Atualmente, os alunos de cursos à distância podem fazer 100% das aulas de Aprendizagem e Aprofundamento dos Conteúdos Específicos à distância. No atual modelo, os estágios já são realizados completamente presencialmente.

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'Não quero que minhas filhas sejam felizes, mas que aprendam a fracassar'

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A psicopedagoga e palestrante Mar Romera fala sobre a importância de nos conhecermos e aprendermos a administrar o que sentimos.
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Japão: por que meu casamento com holograma de desenho animado me fez ser feliz de novo

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Aos 41 anos, Akihiko Kondo decidiu se casar com a cantora virtual japonesa Hatsune Miku.
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A inteligência artificial vai substituir os médicos? Bots com rostos humanos já estão chegando

A inteligência artificial vai substituir os médicos? Bots com rostos humanos já estão chegando | Inovação Educacional | Scoop.it
Quando lhe perguntei sobre o futuro dos avatares de inteligência artificial na medicina, Nova se mostrou otimista – e não sem razão. Como “embaixadora de marca” da Soul Machines – que tem sede em Auckland, centro da indústria de efeitos visuais da Nova Zelândia – seu trabalho é destacar as experiências “personalizadas e interativas” que esses avatares vão proporcionar em consultas virtuais e reabilitações pós-operatórias. Ao explicar tudo isso na nossa conversa online, ela me olha nos olhos, reage ao que digo fazendo sim com a cabeça e abrindo sorrisos de aprovação. Ao ouvir que eu não estou me sentindo muito bem desde minha última refeição, ela diz “Oh, não!” com cara de preocupada e sugere chá de gengibre ou algum medicamento vendido sem receita. A fita azul que ela usa no ombro direito, ela me conta, é um “símbolo da minha existência como pessoa digital e da minha conexão com a Soul Machines, a empresa que me criou”.

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Greg Cross, chefe de Nova na Soul Machines, diz que a capacidade de conversação de Nova vem de dez anos de pesquisa em uma modelagem cognitiva que procura capturar funções como aprendizagem e resposta emocional. O rosto dela transmite essas respostas por meio de um software que descende daquele usado em personagens de filmes gerados por computador.

Parte do que ela diz vem de uma versão do ChatGPT da Openai, sistema alimentado por um grande modelo de linguagem (LLM, na sigla em inglês). Cross acredita que esses avatares vão ser um jeito cada vez mais importante de as empresas se comunicarem com as pessoas – e que eles se revelarão irresistivelmente úteis para os sistemas de saúde, onde a necessidade de algo como o toque humano cada vez mais supera a disponibilidade de humanos com formação para proporcionar esse toque profissionalmente.


A inteligência artificial médica com rostos humanos está chegando. Foto: Timo Lenzen/The Economist
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Diga onde dói
Faz tempo que as pessoas adoram fazer perguntas sobre saúde na internet. O mecanismo de busca do Google lida com cerca de 1 bilhão delas por dia. Instituições de caridade médicas, grupos de pacientes, empresas farmacêuticas e prestadores de cuidados de saúde disponibilizam toneladas de informações, mas isso não é nem de longe garantia de que as pessoas que consultam o “Dr. Google” vão sair bem informadas.

O interesse em evidências confiáveis levou ao desenvolvimento de chatbots personalizados, projetados para explicar questões de saúde pública aos pacientes e ajudá-los a descobrir o que seus sintomas podem significar. Florence foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Google e Amazon Web Services durante a pandemia de covid-19 para combater as notícias falsas e a desinformação. Desde então, sua base de conhecimento se expandiu e hoje abrange tabagismo, saúde mental e alimentação saudável. Mas ela não chega a ser um exemplo de bom papo.

A empresa alemã Ada Health oferece um chatbot de verificação de sintomas que consulta um banco de dados cuidadosamente estruturado com milhares de informações rigorosamente selecionadas por médicos. O bot usa as respostas do paciente para gerar uma sequência de perguntas e, em seguida, apresenta uma lista de possíveis diagnósticos, com a probabilidade de cada um. Lançado em 2016, tem 13 milhões de usuários, cerca de um terço deles na Índia, Ásia e África.


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O “mecanismo de raciocínio probabilístico” central da Ada não é tão complexo quanto os LLMs lançados recentemente. E é um pouco trabalhoso de usar. Mas também é confiável – nada de alucinações – e, o que é crucial, “explicável”: quando a Ada calcula as probabilidades dos diagnósticos, é possível descobrir exatamente como ela as calculou. Essa confiabilidade e explicabilidade permitiram que ela obtivesse aprovação regulatória como dispositivo médico na Alemanha e em muitos outros países.

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Qualquer pessoa que tente conseguir aprovação para um sistema parecido com o ChatGPT, baseado em LLMs, vai enfrentar enormes obstáculos devido à origem de seus dados, à confiabilidade e reprodutibilidade de suas respostas e à explicabilidade de seu processo. Como indaga Hugh Harvey, da Hardian Health: “Se as perguntas são essencialmente infinitas e as respostas são essencialmente infinitas, como provar que é seguro?”.

Isso não significa que os LLMs não tenham nada a dizer sobre saúde. Muito pelo contrário. A internet está repleta de afirmações sobre a capacidade do ChatGPT de diagnosticar problemas médicos desconcertantes, analisar exames de sangue ou descobrir porque um especialista está pedindo certos exames. Como os enormes conjuntos de informações com os quais são treinados incluem textos médicos, os LLMs conseguem responder de forma convincente a perguntas médicas bastante complicadas, mesmo que não tenham sido deliberadamente treinados para isso.

Em 2023, pesquisadores avaliaram que o desempenho do ChatGPT no exame de Licenciamento Médico dos Estados Unidos era equivalente ao de um estudante do terceiro ano de medicina. Um software se sair tão bem assim teria sido mais ou menos impensável cinco anos atrás.

Em um estudo recente, uma versão do ChatGPT baseada no GPT4, o maior modelo da Openai aberto a acesso público, superou as respostas dadas por candidatos humanos em uma prova do conselho de neurologia. Mesmo quando o modelo deu respostas erradas, foi com muita confiança – o que é ruim para um dispositivo médico, mas não incomum entre os clínicos.

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Dada essa facilidade, não há dúvida de que os conselhos médicos que as pessoas recebem dos LLMs possam ser precisos e adequados. Mas isso não significa que vai ser sempre assim: alguns dos conselhos provavelmente estarão errados e serão perigosos. Os desafios regulatórios implícitos na opacidade dos LLMs levaram muitos a concluir que hoje é impossível regular esses modelos de IA para áreas onde os erros possam ser letais, como o diagnóstico.

Alguns profissionais do setor estão procurando meios intermediários pelos quais alguns de seus atributos possam ser aplicados com segurança em outros tipos de trabalho.

Claire Novorol, fundadora da Ada Health, diz que o ponto forte dos LLMs é sua capacidade de utilizar a fala cotidiana: isso lhes permite obter mais informações dos pacientes do que um questionário comum. Esta é uma das razões pelas quais ela e seus colegas estão tentando ampliar a abordagem probabilística da Ada com um LLM. Quando aplicado no contexto certo, diz ela, suas capacidades possibilitam avaliações melhores, mais amplas e mais granulares dos sintomas e das necessidades de saúde. Uma técnica que eles e outros estão experimentando é a “geração aumentada por recuperação”, que permite aos LLMs extrair respostas de uma fonte verificada de dados externos.

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Outra abordagem é utilizar LLMs que recorrem a fontes médicas verificadas como conselheiros para profissionais de saúde, e não para o público em geral.

O Google desenvolveu um LLM que foi aprimorado com dados médicos para fornecer suporte no diagnóstico de casos difíceis. A Hippocratic AI, uma startup do Vale do Silício, se dedica à construção de novos LLMs específicos para a área da saúde. A empresa diz que supera o GPT4 em todos os exames médicos e testes de certificação, e recentemente arrecadou mais 50 milhões de dólares – apesar de destacar em seu website a crença inequívoca de que “hoje os LLMs não são suficientemente seguros para o diagnóstico clínico”.

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Existe também um certo otimismo em torno dos relacionamentos que as pessoas criam com os LLMs. Essas conexões podem ser úteis no tratamento de doenças de longa duração ou no apoio psicológico para alguns problemas de saúde mental.

Na Nigéria, a empresa de assistência médica mDoc criou um serviço para celulares alimentado pelo ChatGPT para oferecer aconselhamento em saúde a pessoas que vivem com doenças crônicas, como diabetes ou pressão alta.

Nenhum desses sistemas oferece a empatia de um interlocutor humano. Mas pelo menos um estudo descobriu que pessoas que fizeram perguntas sobre saúde preferiram as respostas do ChatGPT às dos profissionais licenciados, tanto pela qualidade quanto pela empatia.

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Relatos sobre as relações que algumas pessoas estabelecem com serviços de IA como o Replika, um chatbot feito pela Luka, de São Francisco, permitem imaginar um futuro em que os bots de amizade vão convergir com os de saúde. Os chatbots originalmente criados para relacionamentos que depois receberam uma capacidade adicional de fornecer conselhos de saúde podem competir com os chatbots criados para a medicina, cujos designers estão melhorando suas habilidades sociais.

Existem também algumas qualidades humanas das quais os sistemas de IA podem se livrar. Uma delas é o julgamento moral. Quando se trata de saúde sexual, as pessoas muitas vezes não procuram ajuda porque preferem evitar a conversa que possibilitaria essa ajuda.

Caroline Govathson, pesquisadora da Universidade Wits, na África do Sul, vem fazendo testes com um chatbot para melhorar a precisão das avaliações de risco de HIV. Ela descobriu que as pessoas parecem achar mais fácil revelar seu histórico sexual a um chatbot do que a um enfermeiro humano.

Alain Labrique, diretor de saúde digital e inovação da OMS, vê nas próximas versões de Florence “a oportunidade de criar uma interface realista, onde você poderia reduzir ainda mais a barreira para as pessoas que procuram informações, sejam adolescentes em busca de orientação sobre sexo seguro e planejamento familiar, ou pessoas querendo saber mais sobre doenças respiratórias”.

Dito isto, o Dr. Labrique e outros estão preocupados com os abusos da tecnologia: a ideia do que uma IA sofisticada poderia fazer para espalhar a desinformação sobre saúde pública, diz ele, não o “deixa dormir à noite”.

Além das preocupações com a qualidade da informação que sai, há também preocupações sobre o que pode acontecer com a informação que entra, tanto em termos de garantir que os dados de treinamento sejam devidamente anonimizados, quanto de assegurar que as conversas com chatbots permaneçam confidenciais.
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Barbara fez uma mamografia de rotina em janeiro de 2023. Algumas semanas depois, ela foi convidada a visitar seu médico na Enfermaria Real de Aberdeen, na Escócia. A mamografia parecia boa para dois médicos, mas um sistema de inteligência artificial chamado Mia tinha percebido algo errado: uma mancha de seis milímetros com um tom levemente cinza. Era um câncer em estágio 2. Se não tivesse sido identificado e removido naquele momento, não teria sido captado até que Barbara viesse para seu próximo exame de rotina – ou até que sua presença fosse percebida de alguma outra forma.

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Se essas histórias dão uma noção visceral da capacidade da IA para melhorar os diagnósticos, as estatísticas mostram a escala do bem que ela pode proporcionar. O governo britânico afirma que a análise de tomografias cerebrais pelo e-Stroke, sistema desenvolvido pela Brainomix, uma startup da Universidade de Oxford, reduziu em mais de uma hora o tempo entre a internação hospitalar e o tratamento de pessoas por acidente vascular cerebral. E aponta para dados ainda não publicados que dizem que a velocidade do sistema triplicou o número de pacientes que alcançaram independência funcional após um AVC, de 16% para 48%.

A inteligência artificial vem sendo aplicada ao diagnóstico há mais tempo do que a qualquer outra parte dos cuidados de saúde – e os resultados são evidentes. Mas a transformação que ela oferece está longe de ser completa. Os sistemas de IA empregados até aqui muitas vezes têm sido aplicados àquilo que agora parecem ser usos bastante simples de reconhecimento de padrões. Os modelos de base que tanto impressionaram o mundo desde o advento do ChatGPT, em 2022, mal começaram a deixar sua marca.


Recorrer à inteligência artificial para diagnóstico de doenças já é uma realidade, mas há muitas maneiras de ampliar e aperfeiçoar esse uso. Foto: Timo Lenzen/The Economist
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A inteligência artificial pode aumentar a eficiência dos serviços de saúde?

A revolução começou na radiologia, o primeiro tipo de imagem médica a se tornar totalmente digital. A transição facilitou o armazenamento e o compartilhamento de imagens e também produziu imagens que podiam ser lidas por máquinas. Em 2012, quando uma rede neural chamada AlexNet venceu todos os concorrentes no “desafio ImageNet”, as máquinas começaram a se destacar.

As redes neurais, inspiradas na estrutura do córtex visual do cérebro, são sistemas em que a informação flui através de camadas de “neurônios” empilhados uns sobre os outros. Nas primeiras redes neurais, todos os neurônios de uma camada se conectavam a todos os neurônios da próxima. A AlexNet era uma rede neural “convolucional” – em que as conexões são mais esparsas, o que permite formas de análise mais independentes. A combinação dessa arquitetura com novos processadores dotados de um poder que à época parecia prodigioso permitiu à AlexNet revolucionar a ciência da visão computacional e, com isso, o potencial da radiologia automatizada e, mais tarde, da dermatologia, da oftalmologia e muito mais.

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Os descendentes da AlexNet estão sendo cada vez mais usados para complementar – e às vezes substituir – o trabalho de radiologistas humanos. O Hospital Capio Saint Göran, em Estocolmo, na Suécia, emprega um sistema de IA da empresa sul-coreana Lunit como o “segundo par de olhos” no seu departamento de radiografia, em vez de as mamografias serem examinadas independentemente por dois radiologistas. Na Dinamarca, o Transpara, produto fornecido pela ScreenPoint Medical, uma empresa holandesa, é utilizado como primeiro leitor de mamografias em casos de baixo risco.

Conseguir fazer mais diagnósticos com menos médicos vai ser útil em todos os lugares, mas promete ser uma dádiva nos países pobres. A japonesa Fujifilm construiu uma máquina de raio X à bateria que, combinada com algoritmos de IA da Qure.ai, uma empresa indiana, está sendo usada para diagnosticar tuberculose na zona rural da Nigéria. O aparelho de 3,5 kg também consegue avaliar uma série de outras doenças, como pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e insuficiência cardíaca. De forma mais ambiciosa, Darlington Akogo, do MinoHealth Labs em Gana, está construindo um modelo de radiologia treinado em imagens de toda a África. Será ambição demais esperar deste processo uma ferramenta de diagnóstico? “Digamos que estamos mirando nas estrelas”, diz o Dr. Akogo. “Mesmo que erremos o alvo, vamos acabar com uma máquina de assistência radiológica”.

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Alguns sistemas de IA conseguem interpretar imagens feitas com menos radiação do que o normal, reduzindo assim não apenas o número de médicos necessários para interpretar um raio X, mas também a dose necessária para tanto – o que é bom para os pacientes. Esses sistemas também procuram coisas que os médicos não procurariam. No “rastreamento oportunístico”, uma radiografia feita para um problema específico também é examinada em busca de sinais de outros problemas. A maioria das 80 milhões de tomografias computadorizadas feitas anualmente nos Estados Unidos são realizadas para investigar determinado problema em alguma parte específica do corpo, mas quase sempre contêm informações sobre outras partes. Os médicos não têm interesse em ficar repassando imagens tiradas para procurar algo na remota eventualidade de identificarem alguma outra coisa. As máquinas não ligam de fazer várias tarefas ao mesmo tempo e podem se tornar especialistas na identificação de muitos tipos de doenças.

Os sistemas de ultrassom oferecem outra oportunidade para IA. A empresa americana Butterfly produz um aparelho de ultrassom portátil que, graças à IA integrada, pode ser usado para avaliar gestações de alto risco e calcular data de nascimento, peso fetal e quantidade de líquido amniótico. Essas medições não são possíveis fora das clínicas e normalmente requerem uma variedade de instrumentos. A Fundação Bill & Melinda Gates vê os scanners da Butterfly como uma forma de reduzir a mortalidade materna persistentemente elevada na África Subsaariana. Esses sistemas aprimorados com IA – a Philips e a GE Healthcare também estão no mercado – têm contribuições a fazer para além dos cuidados maternos, por exemplo, em cardiologia, medicina de emergência e ortopedia. Centenas de sistemas Butterfly estão sendo utilizados na Ucrânia para ajudar os socorristas a avaliar os ferimentos da guerra.

Outros instrumentos também vêm passando por uma reformulação de IA. Médicos de atenção primária em Londres estão avaliando um estetoscópio com IA para conferir se ele consegue melhorar o diagnóstico de alguns tipos de doenças cardíacas. Ensaios em Oxford estão comparando medições da função pulmonar feitas com um espirômetro controlado por IA com técnicas anteriores para detectar DPOC.

Jonathan Rothberg, cientista, engenheiro e empreendedor que fundou a Butterfly, também é um dos fundadores da Hyperfine, fabricante de uma inovadora máquina portátil de ressonância magnética chamada Swoop. Sua IA faz avaliações a partir de dados coletados com o uso de campos magnéticos comparativamente fracos. Como é mais fácil gerar esses campos fracos, a Swoop pode ser levada para a cabeceira do paciente, em vez ficar instalada na clínica, como acontece com as máquinas de ressonância magnética convencionais.

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No outro extremo da escala, a Ezra, empresa sediada em Nova York, está empregando IA para reduzir o custo da ressonância magnética de corpo inteiro como ferramenta para diagnóstico de câncer. O uso de ímãs fortes e de IA deixou os exames mais rápidos e, portanto, mais baratos. A empresa oferece uma varredura de 30 minutos por US$ 1.350 e tem como objetivo reduzir o custo para US$ 500. Ainda faz parte do serviço um relatório produzido por IA, em linguagem simples, sobre o que foi encontrado.

Uma das vantagens dos sistemas de IA é que eles podem ser treinados com muito mais dados do que um estudante de medicina conseguiria assimilar. A Microsoft está colaborando com a Paige, empresa que desenvolve IA para patologistas, na construção de uma ferramenta de IA para diagnosticar câncer que será alimentada com bilhões de imagens – um patologista precisaria olhar um slide por segundo durante mais de cem vidas para acumular a mesma experiência.

Como neurologista pediátrico, Sharief Taraman diz que deve atender milhares de crianças ao longo da carreira; mas a IA que sua empresa sediada no Vale do Silício, a Cognoa, construiu para avaliar o autismo em crianças foi treinada em filmagens de centenas de milhares. Como resultado, ela pode utilizar vídeos enviados pelas famílias, juntamente com um questionário, para estudar cada caso.

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Mas não basta simplesmente chegar a uma avaliação: acertar a avaliação também é fundamental. Com a IA vem a oportunidade de igualar ou até superar o desempenho humano. Por exemplo, é provável que as IAs possam exceder a capacidade dos patologistas humanos na hora de “classificar” alterações na próstata como benignas ou malignas. Mas mostrar que um sistema é suficientemente bom leva tempo e, neste momento, está mais rápido gerar algoritmos do que testá-los e regulá-los. Hugh Harvey, chefe da Hardian Health, empresa britânica que avalia dispositivos médicos, diz que atualmente são necessários pelo menos dois anos para que um dispositivo médico obtenha aprovação regulamentar.

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Analisando os planos do governo britânico para acelerar a utilização de IAs no diagnóstico de câncer de pulmão, David Baldwin, professor honorário de medicina na Universidade de Nottingham, salienta que duas avaliações recentes não conseguiram confirmar a precisão e o impacto clínico das ferramentas que vem sendo festejadas. “É um exemplo de que o ritmo de desenvolvimento é mais rápido que o da avaliação, e é preciso muito trabalho para garantir uma implantação segura”, afirma ele.

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Em 2019, uma análise sistemática da precisão diagnóstica de 82 algoritmos de imagens médicas descobriu que os métodos pelos quais eles foram avaliados muitas vezes estavam abaixo do ideal. Uma das maiores preocupações foi a falta de ensaios “prospectivos”, que analisam os resultados após uma intervenção, em oposição aos ensaios retrospectivos, que começam com os resultados e voltam para analisar o que aconteceu antes.

Isso é importante, entre outros motivos, porque os ensaios prospectivos são melhores na detecção de “falsos positivos” – casos em que determinado sistema disse que havia algo errado, mas não havia. Gerald Lip, radiologista consultor do NHS em Grampian, na Escócia, descobriu que alguns algoritmos, como o Mia, que são tão bons ou melhores que os humanos na detecção de câncer de mama, ainda geram mais falsos positivos, em parte porque trabalham só com imagens, ao passo que os médicos têm outras fontes de informação. Os falsos positivos são um problema para os pacientes porque suscitam preocupação e desencadeiam etapas potencialmente dolorosas – e até mesmo perigosas. E são um problema para os sistemas de saúde porque aumentam os custos.

Se a IA ocasionar um aumento no “rastreamento oportunístico” para outras coisas quando uma imagem é feita para um propósito específico, então os falsos positivos precisarão ser particularmente baixos. E o mesmo se aplica a todas as abordagens que examinam pessoas que não apresentam sintomas. Quando Eric Topol, diretor do Scripps Research Translational Institute, em San Diego, analisa sistemas como o da Erza, que faz exames de corpo inteiro em pessoas saudáveis, ele se preocupa com a possibilidade de descobertas incidentais e “de se fazer um monte de exames com alto risco e custo” só para descobrir que não há câncer nenhum. Daniel Sodickson, principal conselheiro científico da Ezra, diz que a resposta adequada a descobertas incidentais são exames de acompanhamento para conferir se alguma coisa está mudando. Essa abordagem terá de apresentar muitas provas sólidas para convencer céticos como o Dr. Topol.

A situação parece estar melhorando. À medida que a IA se torna mais popular, quem paga por sua utilização procura dados confiáveis para decidir o que vale a pena. Bons estudos prospectivos levam tempo, por isso não é surpreendente que ainda não existam tantos. Outros problemas observados no estudo de 2019 – alguns testes utilizaram os dados nos quais o sistema foi treinado, em vez de dados que não ele tinha visto antes – devem se tornar menos comuns com o amadurecimento do campo. Não é de surpreender que haja empreendedores irritados com processos de avaliação que custam tempo a eles e a seus pacientes. O Dr. Taraman teme que a hesitação quanto ao uso mais disseminado de testes que oferecem diagnóstico precoce para autismo traga custos claros: as crianças estão “perdendo uma janela de oportunidade e vão sentir consequências por toda a vida”.

Um retrato total, sem nada de fora
Uma nova geração de modelos de base treinados em uma variedade de fontes de dados, não apenas em imagens e textos, provavelmente vai expandir ainda mais a caixa de ferramentas. Esses modelos não exigem a rotulagem das enormes quantidades de dados nos quais são treinados. E têm capacidade de aprendizagem “auto-supervisionada”, o que pode ser aplicado a imagens, dados genômicos, dados de expressão genética, dados metabólicos, registros de saúde eletrônicos, exames de sangue e questionários sobre estilo de vida e histórico familiar.

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Os modelos de base devem fazer mais que melhorar o diagnóstico de problemas já presentes. Eles também poderão proporcionar um melhor alerta precoce sobre doenças que ainda estão por vir, como câncer, doenças cardíacas ou diabetes (veja o gráfico). Em 2022, pesquisadores chineses mostraram que esse tipo de modelo podia prever o risco de doença grave em pacientes de covid. Dito isto, essa forma de aplicação de IA precisa de cuidado e atenção especiais para garantir que os modelos não introduzam ou amplifiquem vieses.

Essa nova tecnologia mal começou a entrar na medicina. Em 2023, um artigo na Nature atribuiu isso ao fato de esse desenvolvimento ser recente e de que, embora textos e vídeos sejam abundantes na internet (especialmente se você não ligar muito para direitos autorais), é difícil ter acesso a conjuntos de dados médicos grandes e diversos. Trata-se de uma vantagem para empresas com grandes recursos; daí a empolgação com a parceria da Microsoft com a Paige em um modelo de diagnóstico de câncer.

Pesquisadores do Moorfields Eye Hospital, em Londres, vêm aplicando IA à oftalmologia desde 2016. Em setembro do ano passado, Pearse Keane e colegas do Moorfields e da University College London publicaram um modelo de base para imagens de retina produzidas com o Google DeepMind. O retFound, que foi pré-treinado com mais de um milhão de imagens antes de ver imagens rotuladas com problemas como retinopatia diabética e glaucoma, consegue igualar o desempenho de especialistas na tomada de decisões sobre encaminhamento de pacientes para uma série de doenças oculares. Ao detectar pequenas alterações nos vasos sanguíneos do olho, a máquina também parece prever problemas de saúde como doença de Parkinson e acidente vascular cerebral. Keane diz que a tecnologia deverá estar amplamente disponível em código aberto dentro de dois ou três anos.
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Inteligência artificial será capaz de se replicar sem ajuda humana até 2028, diz CEO

Inteligência artificial será capaz de se replicar sem ajuda humana até 2028, diz CEO | Inovação Educacional | Scoop.it
O CEO da startup Anthropic, Dario Amodei, lançou um alerta que parece cena de cinema durante uma entrevista, na sexta-feira, 12, ao jornalista Ezra Klein, do The New York Times, sobre o futuro das inteligências artificiais (IA). Segundo Amodei, entre 2025 e 2028, as IAs poderão alcançar um nível de autonomia que possibilitará sua sobrevivência e replicação, representando assim um risco significativo para a segurança geopolítica e militar global.
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LIBERDADE ACADÊMICA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO -- O QUE AS UNE E O QUE AS SEPARA?

LIBERDADE ACADÊMICA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO - O QUE AS UNE E O QUE AS SEPARA? O início de um debate para os dias atuais Roberto Lobo* 18 de abril de 2024

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Dois episódios recentes relativos à questão da liberdade acadêmica nos campi das universidades americanas se tornaram paradigmáticos: 1- Ao procurar um emprego para lecionar no sistema da Universidade da Califórnia, a excelência acadêmica não é suficiente. Os candidatos também devem enviar uma declaração de diversidade, equidade e inclusão (dei), explicando como eles promoverão esses objetivos". Entende-se que se o candidato fosse um cientista excepcional, mas não tivesse clareza sobre essa ação prioritária, do ponto de vista da instituição, ele seria eliminado como candidato? Além disso, tratar todos igualmente seria a melhor atitude pedagógica para lidar com as diferenças? 2- Enquanto isso, na Flórida, o atual governador e o legislativo estadual estão tentando proibir o ensino da teoria crítica da raça, uma abordagem para estudar o racismo com a qual discordam. (1) O racismo é uma realidade e pode (e deve) ser tratado científica e objetivamente, levando-se em conta o contexto histórico - uma oportunidade para analisar a evolução da ética e da moral nas diferentes sociedades. Esses dois tipos de restrição desrespeitam a liberdade acadêmica, ou a liberdade de expressão? O que separa esses dois conceitos de liberdade? Com muita frequência se verifica que há uma certa confusão entre os conceitos de liberdade de expressão e liberdade acadêmica, inclusive dentro da academia. Em princípio, a liberdade de expressão é do âmbito jurídico definido e protegido pela Constituição de 1988 (e nos EUA pela primeira emenda) e a liberdade acadêmica é definida dentro do escopo das instituições de pesquisa e nelas tem sua aplicação. Em palestra recente, na Columbia Law School, o professor Robert C. Post, da Yale Law School, assim distinguiu os dois conceitos, falando dos EUA, mas certamente abarcando muitos outros países nesse exemplo (2): "Professores americanos confundem erroneamente a liberdade acadêmica com seu direito individual à liberdade de expressão. Conversei com muitos professores e se você perguntar ao professor médio 'qual é o significado de liberdade acadêmica', eles dirão algo como: 'Significa liberdade de expressão', e eles têm em mente a Primeira Emenda. Minha tese hoje é que essa é uma maneira absolutamente errada de pensar sobre isso." Para esclarecer essa diferença, Prost analisa as razões da liberdade de expressão e a liberdade acadêmica serem confundidas e como essa semelhança é enganosa. Para isso, ele argumenta que é preciso voltar e entender de onde vem a liberdade acadêmica e o que ela foi projetada para proteger. Na primeira metade do século XIX, as universidades americanas eram tipicamente instituições religiosas que instruíam os jovens em verdades aceitas e nos princípios morais da época, que era considerado o capital cultural necessário para liderar, explicou Prost. Foi uma época tranquila no ensino superior, mas depois a Guerra Civil Americana mudou isso completamente. Os acadêmicos americanos começaram a fazer peregrinações às grandes universidades da Alemanha, que assumiam o desafio de produzir novos conhecimentos - Wissenschaft, que significa conhecimento sistematizado. Os acadêmicos americanos que foram para a Alemanha viram uma universidade que era realmente dedicada a criar conhecimentos. Ao voltar eles criticaram as instituições de ensino superior americanas por serem muito paroquiais e que era necessário reorientar o significado e a missão do ensino superior americano. A primeira universidade americana que adotou o modelo alemão priorizando o "avanço do conhecimento" foi a John Hopkins, fundada em 1876; outras se seguiram. Para Prost, a invenção da liberdade acadêmica nos Estados Unidos - não havia liberdade acadêmica antes do século 20 - viria diretamente dessa mudança na missão da universidade. A ideia de liberdade acadêmica havia sido adotada na Alemanha, mas havia uma diferença importante que distinguia as escolas alemãs e americanas: "As universidades na Alemanha eram instituições estatais e os professores eram considerados funcionários do estado que os deixava livres para cumprir seu dever acadêmico, que é descobrir novos conhecimentos - mas o preço disso era ficarem fora da política. No entanto, esta não era uma boa opção para os professores americanos, que sempre se consideraram a serviço da sociedade", disse Post. "Alguns professores americanos carregaram essa ideia alemã de liberdade acadêmica, mas a maioria deles rejeitava essa noção, querendo um conceito diferente de liberdade acadêmica." A bomba explodiu em 1900, quando um professor da Universidade de Stanford foi demitido pela proprietária da universidade que não gostou de suas declarações públicas sobre o "padrão-ouro". "A demissão de Ross chocou a academia. Os professores americanos começaram a perguntar: Como podemos fazer nosso trabalho se estamos sujeitos ao controle dos donos das universidades? Eles são leigos - eles não sabem nada sobre economia, eles não sabem nada sobre imigração, ou sobre se devemos ter um padrão-ouro, ou um padrão-prata. Se eles nos controlam, não podemos desenvolver livremente essas formas de conhecimento por meio de especialistas". Em 1915, os educadores americanos John Dewey e Arthur Lovejoy organizaram uma reunião para formar uma entidade que garantisse a liberdade acadêmica dos membros do corpo docente. Essa reunião resultou na Associação Americana de Professores Universitários, com Dewey como presidente, e sua Declaração de Princípios sobre Liberdade Acadêmica e Estabilidade Acadêmica: "Uma vez nomeado, o acadêmico tem funções profissionais a desempenhar nas quais as autoridades nomeantes não têm competência nem direito moral de intervir. A responsabilidade do professor universitário é primordialmente para com o próprio público e para o julgamento de sua própria profissão." Desta forma, o julgamento profissional dos professores deve ser feito no interior da academia. Essa declaração e seu seguimento (3), buscavam proteger a liberdade de pesquisa, a liberdade na sala de aula e a liberdade de "declarações e ações extramuros" dos acadêmicos. Os objetivos dos documentos foram incorporados como parte do contrato na legislação que rege a maioria das instituições de ensino superior nos Estados Unidos. "Embora as controvérsias sobre ensinar e se expressar sejam muito diferentes de pesquisar, a garantia à liberdade de pesquisa é clara - e não tem nada a ver com o direito constitucional à liberdade de expressão", afirmou Prost. A própria liberdade de expressão é assunto controverso, atualmente. Deve ou não haver limites para a liberdade de expressão? O assunto é delicado, principalmente para nós, leigos na matéria jurídica - há liberdade de expressão no incitamento à execução de atos criminosos? Os limites não parecem suficientemente claros para evitar o uso e o abuso político deste princípio. Segundo ele, "sob a Primeira Emenda da Constituição Americana você pode dizer que não há discriminação de conteúdo - você não pode penalizar alguém por causa do conteúdo de seu discurso". Uma observação muito importante para o Brasil de hoje. A Declaração de 1915 definiu a liberdade acadêmica de pesquisa como a liberdade de exercer a profissão do acadêmico de acordo com os padrões da profissão. Os professores são livres para expor suas conclusões sem medo de demissão, disse a Declaração, mas apenas se suas conclusões tiverem sido alcançadas "pelo método de um acadêmico e mantidas no espírito de um estudioso". A Declaração conclui dizendo que a liberdade acadêmica defende "não a liberdade absoluta de expressão do acadêmico individual, mas a liberdade absoluta de pensamento, de investigação, de discussão e de ensino da profissão acadêmica". "A liberdade de expressão é um direito individual. É um direito meu; é um direito seu. Aqui, temos a noção de que [a liberdade acadêmica] não é um direito de uma pessoa individualmente - é o direito de uma profissão determinar por si mesma o que é verdade e o que não é. É um conceito difícil, este de que "a ideia de um direito que é detido por uma profissão e não por uma pessoa". Em sua essência, o que o argumento que a Declaração de 1915 coloca é que uma universidade não é um empreendimento empresarial - ela não é projetada para servir aos objetivos de seu proprietário. Pelo contrário, a instituição da universidade é uma instituição prestadora de serviço público em que um dos objetivos é a criação e disseminação do conhecimento. Como diz Prost: "Aqui está a diferença básica entre a liberdade acadêmica e a Primeira Emenda: os direitos da Primeira Emenda são individuais, mas a liberdade acadêmica se aplica a uma disciplina, ou seja, a uma comunidade de investigação. O conhecimento é produzido por uma comunidade de investigação e, portanto, o direito da disciplina não deve ser julgado por aqueles que estão fora da disciplina. O ponto mais básico sobre a liberdade acadêmica é que eu, como professor, só posso ser julgado pelos meus pares." Philip Hamburger, diretor do Center for Law and Liberty, organizador do evento na Universidade de Columbia se manifestou a seguir: "Tivemos uma conversa muito interessante aqui", disse Hamburger. "Foi apresentada uma visão corporativa da liberdade acadêmica da Columbia University, que se desenvolveu no início do século 20 em resposta a uma série de problemas que ameaçavam a liberdade dos acadêmicos". A seguir faz uma manifestação da maior importância nos tempos atuais: "Mas, desde então, desenvolveu-se toda uma nova série de questões envolvendo exclusão, e a questão é se uma visão de liberdade acadêmica que evoluiu em resposta a um determinado conjunto de problemas também é suficiente para lidar com uma série de outros problemas sobre os quais vários de nós nos perguntamos. Não sei a resposta para isso, mas acho que devemos reconhecer o que está acontecendo aqui". "Há questões fundamentais sobre qual é a natureza dessa liberdade, e é por isso que a liberdade de expressão é mencionada, porque alguns de nós aqui sentimos que o corporativismo não aborda os perigos da discriminação realizada pela própria entidade corporativa". Em artigo recente sobre o tema "liberdade acadêmica", Tiago Huffman (4) Professor emérito da Clark Law School de Portland, no Oregon, constata que algumas propostas recentes nos EUA ameaçaram a liberdade acadêmica, gerando uma reação contrária de todo o espectro político dos acadêmicos, por irem de encontro à missão histórica do ensino superior - a descoberta e a disseminação do conhecimento. O princípio da liberdade acadêmica tem permanecido por muito tempo como o garantidor da livre e aberta investigação necessária à busca acadêmica da verdade e é amplamente aceito para não permitir exceções. Mas a adesão ao princípio não exclui todos os limites à conduta docente. Segundo o autor: "A liberdade acadêmica não exige que as faculdades e universidades tolerem o mau ensino ou a incompetência. Tampouco deve proteger condutas professorais que prejudiquem a investigação aberta e a busca da verdade. Embora a liberdade acadêmica seja geralmente vista sob a perspectiva do professor, os alunos estão entre os principais beneficiários. Os alunos se beneficiam da liberdade de seus professores de prosseguir com todas as investigações que possam revelar a verdade, enquanto eles mesmos são livres para explorar por conta própria". A liberdade acadêmica abstratamente não isenta a academia de posturas políticas e discriminatórias, que na verdade não se baseiam na crítica com pleno embasamento científico. Na maioria dos casos nada tem a ver com isso. A ciência, a política, a radicalização persecutória com os cancelamentos ideológicos, além dos grandes financiamentos da pesquisa, principalmente por parte de grandes empresas, que as permite censurar resultados que não sejam favoráveis a seus objetivos, embaralharam o quadro e há a necessidade de uma nova apreciação do tema, que inevitavelmente possuirá sempre uma linha divisória nebulosa. Inúmeras pesquisas constatam que uma porcentagem significativa de estudantes universitários americanos se autocensura. Uma pesquisa da Heterodox Academy de 2020 feita em vários campi universitários americanos levantou que 62% dos alunos "concordam que o clima de seu campus impede os alunos de dizer coisas em que acreditam". Por que os alunos se autocensuram? A pressão dos colegas é um dos motivos. Talvez declarações do reitor, ou de outros funcionários da universidade sejam outro fator. Mas é mais provável que a relutância em falar (em sala de aula e em tarefas acadêmicas) derive do medo de contradizer os professores. Já a pesquisa anual de 2022 com estudantes universitários, administrada pelo Instituto Buckley da Universidade de Yale, descobriu que 58% dos alunos "frequentemente" ou "às vezes" se sentem intimidados a compartilhar ideias, opiniões ou crenças em sala de aula que diferem das de seus professores. Outros estudos indicam que cerca de 20% dos estudantes das grandes universidades americanas seriam favoráveis a cancelamentos e manifestações estudantis agressivas. É um número expressivo de estudantes com visão e apoio a comportamentos radicais e inapropriados, para dizer o mínimo. Ao pedir que a universidade garanta uma diversidade de opiniões entre seus professores, seus dirigentes universitários também deveriam manifestar explicitamente a expectativa que na sala de aula os professores sejam especialistas em vez de propagandistas. É claro que todos nós e, em particular, os professores universitários com grande bagagem cultural, formemos nossas visões de mundo e tenhamos pontos de vista firmes e convicções fundamentadas. Estas convicções (políticas, principalmente) podem ser explicitadas dentro ou fora da sala de aula. Até aí, nada demais. O problema surge quando o professor exige que o aluno compartilhe da sua visão de mundo e considere as opiniões do mestre como verdades indiscutíveis. Embora a visão tradicional (e falsa) pareça ser a de que a liberdade acadêmica permite que os professores tragam seus vieses pessoais para suas aulas - e que isso é uma questão de estilo de ensino, ela é uma visão errônea. A liberdade acadêmica também não protege o corpo docente contra sansões por mau ensino. Professores que faltam às aulas sem explicação, se debruçam sobre temas alheios ao assunto do curso, são grosseiros com os alunos, deixam de devolver trabalhos em tempo hábil, nunca estão disponíveis para os alunos fora das aulas, ou são simplesmente incompetentes certamente não estão protegidos pela liberdade acadêmica. Em vez disso, eles podem ser até demitidos (mesmo com contrato vigente) por não cumprirem suas funções como membros da faculdade. Transformar as aulas em exercícios de doutrinação não seria também uma falha no cumprimento de seus deveres? Lembrando que a liberdade acadêmica no Brasil também é comumente chamada e confundida com "liberdade de cátedra" e carrega o mesmo viés da visão errônea sobre a liberdade acadêmica. Talvez a expressão mais clara e afirmativa da liberdade acadêmica seja a Declaração da Universidade de Chicago (5) que afirma: "o compromisso fundamental da Universidade é com o princípio de que o debate, ou a deliberação não pode ser suprimido porque as ideias apresentadas são consideradas ofensivas, imprudentes, imorais ou equivocadas por alguns, ou mesmo pela maioria dos membros da comunidade universitária". Como corolário desse princípio, o comitê declarou que "a Universidade tem a solene responsabilidade não apenas de promover uma viva e destemida liberdade de debate e deliberação, mas também de proteger essa liberdade quando outros tentam restringi-la". Um relatório sobre o Papel da Universidade na Ação Política e Social, geralmente referido como Relatório Kalven (6) precedeu, em Chicago, a essa necessária defesa da neutralidade institucional da Universidade em assuntos não relacionados à sobrevivência própria e à busca de sua missão de "descoberta, aprimoramento e disseminação do conhecimento". O Relatório Kalven explica que "A neutralidade da universidade como instituição surge, não por falta de coragem, nem por indiferença e insensibilidade. Surge do respeito à livre investigação e da obrigação de prezar pela diversidade de pontos de vista". "Quando uma universidade se posiciona sobre questões do cotidiano, ela fere a liberdade de expressão daqueles sobre os quais a universidade exerce poder, seja como empregador, seja como avaliador do desempenho dos alunos. Mesmo quando maiorias significativas de estudantes e professores concordam sobre questões de interesse público, ou tópicos apropriados de investigação, a afirmação universitária de tal acordo suprimirá pontos de vista opostos e, assim, prejudicará a missão da universidade." Por extensão, o princípio da neutralidade institucional restringe a expressão daqueles que falam em nome da universidade. O reitor da universidade não deve expor controvérsias públicas a menos que o bem-estar da universidade seja diretamente afetado. Também não podem reitores, vice-reitores, pró-reitores, ou qualquer funcionário com autoridade falar em nome da instituição, ou de seus diversos departamentos sobre temas controversos. O princípio da neutralidade institucional não impõe restrições aos estudantes. Os Princípios de Chicago garantem aos estudantes a liberdade de expressão limitada apenas por leis que restringem o público em geral, ou por limites de tempo, lugar e forma impostos pela universidade e seu corpo docente para evitar a interrupção da missão central da universidade de desenvolver e disseminar conhecimento. À primeira vista, o corpo docente parece estar situado de forma semelhante aos alunos. Certamente, as liberdades de investigação e expressão abraçadas nos Princípios da Liberdade Acadêmica são tão importantes para o trabalho do corpo docente quanto para o trabalho dos alunos. Mas, em sua relação com os alunos, os docentes ocupam uma posição de autoridade semelhante àquela que pede neutralidade institucional no caso dos funcionários e lideranças universitárias. Dada a natureza da relação professor-aluno, os professores são indiscutivelmente mais propensos do que os administradores acadêmicos a restringir a liberdade de pensamento e expressão entre os alunos. Um professor não é livre para dedicar a maior parte ou a totalidade de uma aula a comentar as questões políticas cotidianas. Deve resistir à tentação de doutrinar os alunos, ter disposição para explorar pontos de vista concorrentes, defender a contratação de professores com base na competência e não na ideologia. Em meio a uma crise em relação às suas posições políticas diante da realidade externa, Harvard parece desejar seguir o caminho da Universidade de Chicago. No recente artigo (7) "This Has to Stop", lemos: "Depois da crise gerada pelo afastamento da presidente Claudine Gay em decorrência dos eventos ocorridos na universidade por ocasião do espocar da atual crise no Oriente Médio, o presidente interino da Harvard University, Alan Garber, anunciou que vai constituir um grupo dentro da universidade para discutir uma política de neutralidade para Harvard", seguindo o modelo da Universidade de Chicago. Há também outras questões colocadas, que precisam ser refletidas e respondidas para nortear a ação das lideranças das IES e de seus professores, aproveitando os textos baseados na realidade americana que são de grande relevância também para o Brasil. A já citada Declaração de Princípios sobre Liberdade Acadêmica da Associação Americana de Professores Universitários de 1940 afirma: "Os professores têm direito à liberdade em sala de aula para discutir seu assunto, mas devem ter cuidado para não introduzir em seu ensino temas controversos que não tenham relação com seu assunto". O trecho serve para ressaltar a necessidade de os professores evitarem a intromissão persistente de material não relacionado à matéria lecionada. Para concluir, a ACLU (American Civil Liberties Union) uma associação em defesa das liberdades civis nos EUA, assim se manifestou a respeito da responsabilidade das instituições de ensino superior: "Elas precisam estar vigilantes na defesa dos direitos iguais de todos os oradores e de todas as ideias a serem ouvidas, e promover um clima de diálogo robusto e desinibido, com o debate aberto a todas as opiniões, por mais controversas que sejam." Será que as universidades brasileiras também não deveriam encabeçar um diálogo profícuo e respeitoso para que se combata os ataques à liberdade acadêmica, e ao mesmo tempo, respeitar e fazer respeitar, pelos cidadãos que a compõe, o direito individual da liberdade de expressão, sagrada para a democracia e o desenvolvimento mais justo da sociedade?

Referências: 1- DEI Legislation, Academic Freedom, and Free Expression: Where to Go from Here? Jullian Lederman, Bipartisan Policy Center, 2023 2- Free Speech and Academic Freedom, Robert C Frost, News from Columbia Law School, 2016 3- Declaração de Princípios sobre Liberdade Acadêmica da Associação Americana de Professores Universitários, 1940 4- T. Huffman The Limits of Academic Freedom, National Association of Scholars, 2023 5- Documento exarado pelo Committee on Freedom of Expression designado pelo reitor Zimmer em 2014 6- Kalven Committee, Report on University's role in political and social action, 1967, University of Chicago 7- This Has to Stop, Tilly Robinson and Neil Shah, Harvard Crimson, 2024
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